´Foto: Tiago Stille/Governo do Ceará |
As aldeias indígenas de Baixa das Carnaúbas, Currupião, Matões e Bolso, do povo indígena Anacé, estão agora reunidos na Reserva Indígena dos Anacé, a primeira criada no Ceará, localizado no município de Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza.
Com 543 hectares, a reserva é resultado de parcerias entre o governo do Ceará e as prefeituras de Caucaia e de São Gonçalo do Amarante, também na região metropolitana, com o apoio técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai).
O local foi criado para realocar as famílias indígenas que ocupavam a área onde seria instalada a refinaria Premium II, da Petrobras, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). O projeto foi cancelado em 2015 como parte do plano de desinvestimento da empresa, mas a área foi mantida para a atração de um empreendimento de mesmo porte para o Ceará.
A reserva conta com 163 unidades habitacionais e com uma infraestrutura que contempla escola e posto de saúde de padrões indígenas, energia elétrica, água, esgoto (por meio de fossas sépticas) e drenagem. O terreno foi comprado pelo governo do Ceará e todo o investimento custou R$ 30 milhões.
Presente no evento de inauguração da reserva, realizada na terça-feira (6), o presidente da Funai, Franklimberg Ribeiro de Freitas, disse que a criação da reserva é uma conquista e “um exemplo a ser oportunamente replicado em outras regiões do país.”
Já o cacique Roberto Anacé considera que a reserva dividiu o povo Anacé e mexeu com a noção de pertencimento com a terra. “Essa reserva não está dentro da nossa terra indígena e não somos bem-vistos por esse governo por lutarmos pela preservação e por irmos de encontro ao avanço destrutivo do governo. Somos um povo só, mas com duas realidades: uma da reserva e outra da terra indígena.”
A coordenadora especial de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial (Ceppir), Zelma Madeira, reconhece a questão e diz que há um trabalho em andamento com a comunidade no sentido de recriar esse pertencimento.
“A terra está impregnada de ancestralidade. Então tem as saudades e as lembranças. Algumas famílias terão dificuldades e, nesse sentido, estamos encaminhando um trabalho social de adaptações, para que, a partir daqui, se crie e se recrie esse território, para que eles se sintam donos e pertencentes. Um povo tradicional não sobrevive sem seus pertencimentos e estamos tendo muito cuidado com isso.”
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