Amamentar nem sempre é fácil. O aleitamento materno é a melhor forma de nutrir o bebê, mesmo em tempos de covid-19. Quando a mãe adoece, o desafio é ainda maior e requer muito apoio.
Quando a mãe está com covid-19, dependendo da gravidade, é possível prosseguir ou suspender a amamentação temporariamente e retomar depois. O apoio de profissionais de Saúde e familiares ajuda muito nesse processo, mas a decisão final é da mãe.
Não existem evidências científicas de transmissão do coronavírus por meio do leite materno de mãe contaminada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que os benefícios do aleitamento materno superam o risco de contaminar o bebê.
Caso o estado da mãe seja grave, é possível suspender de forma temporária da amamentação e retomar depois. Neste caso, o processo é chamado de relactação. Para ajudar nessa retomada da amamentação a mãe vai precisar fazer a ordenha.
A relactação é uma técnica muito usada também por mulheres que adotam recém-nascidos, a sucção do bebê desencadeia um reflexo hormonal (prolactina e ocitocina), que estimula a descida do leite.
As chances de sucesso da relactação variam e tendem a ser maiores em casos em que o bebê ficou menos tempo sem mamar.
De acordo com a especialista em Enfermagem Neonatal, Vanessa Remígio, é fundamental transmitir tranquilidade e confiança para a mãe que tenta o processo, pois o estresse e a cobrança podem atrapalhar o trabalho dos hormônios.
- Para promover a sucção e a relactação, uma sonda é fixada junto à mama, com o orifício na altura do mamilo. Na outra ponta da sonda, fica armazenado o leite artificial, que flui conforme o bebê suga. O método também pode ser feito com o leite da própria mãe, se ela ainda tiver armazenado. Nesse caso, se chama translactação”, explica Vanessa Remígio.
A quantidade de leite deve ser combinada com o pediatra, de forma a não saciar a criança completamente (para que ela continue sugando o mamilo), mas se mantenha bem nutrida. O médico também pode sugerir à mãe medicamentos que estimulem a produção de leite durante o processo de relactação.
A enfermeira Juliana França, de 39 anos, estava em trabalho de parto quando descobriu que estava com covid. Conseguiu amamentar o filho por 5 dias antes de ficar em estado grave. Foram 40 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 35 dias entubada. Sem contato nenhum com a criança. Hoje ela tenta fazer o processo de relactação. Tanto pelo vínculo com o bebê, como pelos benefícios do leite para a criança. “Além dos benefícios, como eu também já fui vacinada, acredito que posso passar os anticorpos para o meu bebê através da amamentação”, afirma Juliana França.
SERVIÇO
- Relactação Pós-Covid
- Fonte: Vanessa Remígio – Enfermeira Neonatal
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