O crescente número de casos de gripe no Ceará e no Brasil têm gerado preocupação, principalmente após os múltiplos episódios relacionados ao vírus Influenza A (277 casos no Ceará) do subtipo H3N2 (69 casos no Estado).
Diante da pandemia de Covid-19, que ainda não acabou, e da semelhança dos sintomas entre esta e a gripe, dúvidas a respeito de como se prevenir e se tratar em ambas as situações têm surgido com mais frequência.
O consultor em Infectologia da Escola de Saúde Pública Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), Keny Colares, explica que o subtipo do vírus da gripe não é mais agressivo que os demais.
- A doença é a mesma, porém, estamos menos protegidos, visto que passamos dois anos com baixa ocorrência de Gripe. Neste período, estávamos nos protegendo contra a Covid-19, fazendo uso de máscaras e outras medidas que também nos protegiam da gripe. O relaxamento recente das medidas de prevenção nos deixou ainda mais vulneráveis”, pontua o infectologista. Soma-se a isto a baixa cobertura vacinal contra a influenza no Estado, a menor em mais de duas décadas


Em relação à Covid-19, a febre e os sintomas respiratórios podem se instalar mais silenciosamente, tendendo a se agravarem no fim da primeira semana. As manifestações mais graves da doença costumam aparecer no início da segunda semana de sintomas. Diante da similaridade da manifestação das doenças, é recomendado que se procure fazer, com maior brevidade possível, o teste para descartar o diagnóstico de infecção pelo coronavírus. Os testes para influenza são menos disponíveis, mas neste momento epidemiológico pode-se realizar o diagnóstico de gripe após a exclusão de Covid-19. Veja onde realizar o teste gratuitamente.
O aumento dos casos de gripe em meio à Pandemia por outro vírus é um fator agravante. Os sintomas entre as duas doenças são semelhantes, o que pode dificultar o diagnóstico. Mas algumas diferenças podem ser observadas: uma pessoa com influenza apresenta sintomas mais fortes já no primeiro dia, enquanto a infecção pelo Coronavírus tende a se manifestar mais insidiosamente, podendo se tornar mais intensos no fim da primeira semana.
- A Gripe causa febre alta de uma hora para outra, muitas vezes associada à dor de cabeça, moleza no corpo, falta de apetite e a sintomas respiratórios, como nariz entupido e coriza. E com mais ou menos uma semana, a pessoa já está melhor, sem sintomas”, detalha Colares. Em alguns pacientes, especialmente quando existem fatores de risco, a doença pode se agravar a partir do 3º ao 5º dia, podendo se instalar a forma mais grave da doença (síndrome respiratória aguda grave, SRAG).
Prevenção - As doenças são transmitidas por via respiratória e os cuidados preventivos são muito semelhantes.
- Quem consegue se proteger de uma, se protege da outra”, enfatiza o consultor.
Entre as principais orientações, estão: evitar aglomeração; utilizar corretamente a máscara, cobrindo nariz e boca; manter os ambientes ventilados e o isolamento das pessoas que estão com algum sintoma respiratório.

A Vacinação é outro ponto fundamental e há imunizante para ambas.
- No início da vacinação contra a Covid-19, era recomendado evitar a aplicação simultânea das duas vacinas, mas isso já não é necessário. É possível fazer as duas vacinas no mesmo dia sem que haja prejuízo para a pessoa“, sublinha o infectologista. Para a aplicação das vacinas, é importante consultar as prefeituras municipais ou as secretarias de Saúde.
Tratamento - De acordo com Keny Colares, o tratamento em casos de gripe é simples. “Com medicação para febre, dor; fazer limpeza do nariz com soro fisiológico para manter as vias aéreas limpas; tomar bastante líquido; e repouso. Isso costuma resolver a situação da maior parte das pessoas”.

O uso de outras medicações, ele pontua, só é preconizado para pessoas que têm um risco maior de desenvolver a forma mais forte da doença (SRAG).
- Pessoas com mais idade, crianças (especialmente as que têm menos de cinco anos), pessoas que têm problemas crônicos de coração, pulmão, de fígado, enfim, se beneficiam com a medicação, que tem mais efetividade nos dois primeiros dias de sintomas”, informa Keny Colares.

A prescrição de medicamentos deve ser sempre avaliada por um profissional de Saúde.
- Deve ser usado somente por pessoas que têm um risco maior de ter a doença mais grave”, finaliza Keny Colares,.
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