De 2015 a 2025, a inflação geral (IPCA) somou 74,90% ante uma variação de preços dos medicamentos de 73,40%.
“Os medicamentos têm um dos mais previsíveis e estáveis comportamentos de preço da economia brasileira”, afirma Mussolini. “Num ambiente altamente competitivo, a concorrência regula os preços; por isso, os produtos das classes terapêuticas com grande diversidade de marcas poderiam ser liberados do controle de preços, como já acontece com os medicamentos isentos de prescrição”.
Outros fatos relevantes:
• A carga tributária embutida no preço dos medicamentos equivale a até 32% do valor final pago pelo consumidor;
• Oferecidos gratuitamente no Programa Aqui Tem Farmácia Popular, hipertensivos, medicamentos para diabetes e outros produtos para doenças de larga incidência são vendidos pelas empresas fabricantes por valores de reembolso baixíssimos, que não são reajustados desde a criação do Programa (de fato, os valores de reembolso foram reduzidos em duas oportunidades).
Consumidor deve pesquisar-De acordo com a lei, a recomposição anual de preços definida pelo governo pode ser aplicada neste ano, a partir de 31/3/2025, em cerca de 10 mil apresentações de medicamentos disponíveis no mercado varejista brasileiro.
O reajuste anual de preços não se aplica aos medicamentos isentos de prescrição (MIPs), que têm preços liberados e, portanto, estão fora do controle de preços (*).
De todo modo, o reajuste não é automático nem imediato, pois a grande concorrência entre as empresas do setor regula os preços: medicamentos com o mesmo princípio ativo e para a mesma classe terapêutica (doença) são oferecidos no país por vários fabricantes e em milhares de pontos de venda. Isso vale para todos os medicamentos, inclusive para os MIPs.
“É importante o consumidor pesquisar nas farmácias e drogarias as melhores ofertas dos medicamentos prescritos pelos profissionais de saúde”, recomenda Mussolini. “Dependendo da reposição de estoques e das estratégias comerciais dos estabelecimentos, aumentos de preço podem demorar meses ou nem acontecer”.
A fórmula de cálculo do reajuste de medicamentos-A recomposição anual da tabela de Preços Máximos ao Consumidor (PMC) de medicamentos é calculada pela seguinte fórmula, definida pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED):
Índice de reajuste = IPCA - X + Y + Z.
O principal fator da fórmula é a inflação (IPCA), da qual é descontada a produtividade da indústria farmacêutica (fator X) e à qual são somados os custos de produção não captados pelo IPCA, como variação cambial, tarifas de eletricidade e variação de preços de insumos (fator Y). Para “promover a concorrência nos diversos segmentos do mercado de medicamentos”, a CMED criou o fator Z, que reduz progressivamente o desconto da produtividade, estabelecendo, em princípio, três índices de recomposição de preços, segundo os níveis de concentração de mercado: [Nível 1] mais competitivo (sem desconto do fator X); [Nível 2] média concorrência (desconto de 50% do fator X); [Nível 3] baixa concorrência ou monopolista (desconto integral do fator X). A adoção das três faixas de ajuste (fator Z) depende do índice de produtividade (fator X). Quando o fator X é zero, o índice de recomposição é único (linear).
Em 2025, o índice de reajuste apurado pela fórmula de cálculo é o seguinte:
IPCA: 5,06% (acumulado março de 2024 a fevereiro de 2025)
Fator X: 2,46%
Fator Y: 0% (zero)
Fator Z - Nível 1: 2,46%; Nível 2: 1,23%; Nível 3: 0% (zero).
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