Morreu, na manhã desta terça-feira (seis de abril), aos 78 anos, de covid 19, o advogado criminalista Francisco Clayton Pessoa Queiroz Marinho (foto ao centro).
Clayton Marinho tinha a inscrição 1551 na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE). Era um dos decanos da advocacia criminal no Ceará.Natural de Fortaleza, Clayton Marinho ingressou em 1962 e terminou em 1966 seu curso de Direito na Universidade Federal do Ceará. Advogado militante que teve 55 anos de atividades jurídicas. Clayton Marinho nasceu em 20 de janeiro de 1943.
Nota da OAB-CE - A Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Ceará lamenta profundamente o falecimento do advogado e um dos maiores criminalistas da história do Ceará, Francisco Clayton Pessoa de Queiroz Marinho (OAB/CE 1551). A Ordem se solidariza com a família e amigos nesse momento de profunda dor.
- Reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), professor e advogado, Cândido Albuquerque - Hoje (6) é um dia de luto para a advocacia: faleceu o guerreiro do Direito Clayton Marinho! Advogado intrépido, inteligente e educado, advogava por arte e amor ao Direito. Um exemplo! Deixa um legado e uma vida repleta de grandes gestos como referência para as novas gerações, e para nós, que tivemos a felicidade de com ele conviver, deixa a certeza de que vale à pena combater o bom combate. Vá em paz amigo Clayton, sua imagem ficará como uma referência do que é ser um advogado criminalista. Ah, hoje o Céu está mais inteligente!
- Irapuan Diniz de Aguiar - Guardo do colega e amigo, Clayton Marinho, as melhores lembranças. Muitas eram as virtudes que ornamentavam seu caráter e personalidade como cidadão e profissional da advocacia. Tive o privilégio de com ele conviver ao tempo em que exerceu o cargo de Secretário de Justiça do Estado. Saudades imorredouras. Que Deus o receba no seu Reino!
- César Espíndola - O tribuno silenciado. Soube agora do falecimento do grande jurista, advogado criminalista, Clayton Marinho. Doutor Clayton Marinho foi um dos mais brilhantes oradores do tribunal do júri, além de profundo conhecedor do ordenamento jurídico. Infelizmente mais uma vítima da Covid-19. Meus sentimentos à família. Grande perda, um dos maiores oradores que tive a oportunidade de assistir em um tribunal do júri. Que Deus o receba e conforte a família".
- Augusto César Benevides - Clayton Marinho, brilhante advogado, amigo dos velhos tempos da Rua Barão do Rio Branco, excelente cantor nas horas vagas, mais um amigo que passa para o andar de cima vítima do Covid. E nesse país desgovernado não existe planejamento para combater esse vírus assassino que o presidente Bolsonaro do alto de sua ignorância chamava: 'gripezinha'', coisa de Maricas etc.
- Ceará Sporting Club - Com enorme pesar, o Ceará Sporting Club informa o falecimento do Dr. Clayton Marinho, advogado criminalista, defensor público de entrância especial, ex-conselheiro da OAB-CE e ex-secretário de Justiça do Ceará. O advogado faleceu aos 78 anos por complicações da covid-19. Por muitos anos, doutor Clayton foi diretor jurídico do Vozão, com muita história em defesa dos interesses e causas alvinegras. Decano da advocacia criminal no Estado do Ceará, era natural de Fortaleza e concluiu o curso de direito na Universidade Federal do Ceará em 1966. Nesse momento de imensa tristeza, o Ceará presta solidariedade à família".
Homenagem - O Blog do Lauriberto presta homenagem a Clayton Marinho com um texto do jornalista Lucílio Lessa publicado no site da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Ceará, em 27 de dezembro de 2014:
- Não julgueis como eu fui julgado, mas como vos ei de julgar um dia”.
A frase atribuída a Jesus Cristo pelo defensor público aposentado Francisco Clayton Pessoa de Queiroz Marinho dá o tom do respeito com que ele encara a profissão.
Ao falar de suas razões para ter optado pelo Direito no momento da inscrição do vestibular, em detrimento de sua primeira opção, a Medicina, ele projeta luz sobre uma história pessoal que o comove e que teve início quando Clayton não passava de um menino na cola do pai, seu ídolo, um oficial de justiça que sempre o levava para o Tribunal do Júri.
- Para mim era um espetáculo o que acontecia ali. Era como um teatro. Eu ficava maravilhado”, diz ele.
O enredo, carregado de simbolismo, se revela ainda mais inspirador quando se atenta para o fato de Clayton ter dedicado a maior parte de sua trajetória profissional a defender cidadãos carentes nos tribunais do júri.
Na Contabilidade de um passado que se faz distante pelos anos, mas próximo na memória, foram inúmeras as vezes que, através de seu empenho, conseguiu absolver quem merecia uma segunda chance.
- Era comum um mesmo defensor responder por cinco, seis varas. A carência era enorme, muito mais do que hoje”, diz ele, que ainda advoga gratuitamente para necessitados em seu escritório.
Como defensor, o doutor Clayton atuou na 4ª Vara Criminal e Vara das Precatórias, bem como na 1ª, na 2ª, na 4ª e na 11ª Varas do Júri.
Também foi diretor do Departamento de Sistema Penal, chefe de Gabinete da Secretaria de Justiça do Estado do Ceará e posteriormente secretário de Justiça.
Ressalte-se o mérito de ter sido escolhido recentemente Advogado Padrão pela OAB, bem como de ter sido premiado com o Troféu Clóvis Beviláqua.
Por sua atuação, também recebeu a Comenda Clodoaldo Pinto e é membro da Academia Cearense de Retórica e Academia Cearense de Letras Jurídicas. Também foi homenageado pela classe jurídica por ocasião do 2º Congresso de Direito Penal e Processual Penal, que recebeu seu nome.
Mais recentemente, o defensor Francisco Clayton foi apontado em publicação voltada para a categoria como um dos Advogados Mais Admirados do Ceará em 2012 e 2013.
Seu currículo pomposo só fica em segundo plano quando o que se observa é a paixão com que ele fala do seu ofício.
- Ainda trago a atividade de defensor público comigo. Se me fosse dado o direito de escolher a minha morte, gostaria que estivesse escrito no meu atestado de óbito: morreu de advogar”, diz.
Em sua sala, repleta de documentos, livros e certificados de honra ao mérito, destoa pela singeleza um quadro com a imagem das pegadas de um de seus três filhos, o Thiago, então com dois anos. Além dele, que hoje tem oito anos, há o Samuel, cinco anos, e o Felipe, dois anos. Todos filhos do terceiro casamento do doutor Clayton, um homem que aos 70 anos de idade continua a se renovar em sua profissão e não dá o menor sinal de cansaço, talvez porque assim como fez lá no início, ao desistir de Medicina e tentar Direito no último minuto, não tem medo de seguir o coração".
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