Jornalista Eduardo Freire: Há exatamente um ano, aos 60, eu começava num novo desafio. A convite de Élcio Batista, amigo de longa data, passei a fazer parte da assessoria de comunicação do Instituto de Planejamento de Fortaleza Iplanfor (hoje Ipplan). Uma seara em que eu havia passado antes, nos idos de 1993. Naquele tempo trabalhando com instituições sindicais, agora no serviço público. Recomeçar não é algo banal, principalmente aos 60, quando já estamos mais é a fim de ficar quieto, pensando na aposentadoria. Mas, ao longo de toda minha vida profissional, passei por inúmeros recomeços, alguns voluntários, outros nem tanto. Comecei como auxiliar de topógrafo, ainda como estudante do curso de Estradas, da antiga Escola Técnica Federal do Ceará (hoje IFCE). Não aguentei nem um mês de sol escaldante na cabeça, trabalhando na ampliação da BR 116, numa corrida pra receber o papa João Paulo II em Fortaleza (1980). Eu que sonhava em ficar na sala técnica, desenhando mapas e detalhes construtivos da estrada, tive que encarar a realidade do que era ser um “cassaco de estradas”, não deu pra mim. Virei desenhista de arquitetura, no escritório de Medina e Ricardo Rodrigues, algo bem mais próximo do que eu desejava. Pertinho da minha casa, na Praia de Iracema, pertinho do Estoril e da boemia da PI (Cais Bar estava começando por ali). Já era estudante de Engenharia Civil (Unifor - 1983), com rápida passagem pela Matemática, quando resolvi que estudaria Arquitetura e Urbanismo. Neste tempo, era um dos cursos mais disputados da UFC. Eu sempre passava na prova de desenho, mas não no vestibular. Numa das vezes que fui me inscrever para mais uma tentativa, a moça do guichê de inscrição me perguntou qual seria a minha segunda opção caso eu não passasse na prova de aptidão (desenho). Prepotente respondi: pode escolher, se eu não passar nesta prova de desenho eu vou ser qualquer coisa, bombeiro, bancário, policial... Sem se ofender com minha boçalidade, respondeu: ok, vou colocar Comunicação, tá bom? Concordei, mesmo sem saber que Comunicação e Jornalismo eram a mesma coisa. Por obra de Baco, acabei perdendo a prova de desenho, que seria num domingo, após uma das tantas noites de Estoril/Cais Bar. Ciente de que não concorreria para Arquitetura, resolvi encarar a tal da Comunicação, que era também outro curso bem concorrido naquele tempo. Fui pro vestibular sem grandes expectativas. Não é que passei! Mais uma guinada, largaria a Arquitetura e viraria (muitos anos depois) jornalista. Em 1989, teve um concurso para desenhista técnico de artes gráficas na UFC. Passei e fui trabalhar na Imprensa Universitária. No começo ganhava bem, para os padrões de um jovem de 26 anos que ainda morava na casa dos pais. Começava aqui minha jornada como designer e produtor gráfico. Em 1996, o serviço público já não me interessava. O salário nos tempos de FHC passara a ser de miséria. Cheguei a tirar uma licença sem remuneração pra trabalhar em assessoria de comunicação numa entidade sindical e nos meus trabalhos como designer gráfico. Depois de um breve retorno, e já sócio de mais dois colegas da faculdade, pedi as contas do serviço público federal. Bem mais adiante, um novo caminho se abre para mim: o magistério. Eram poucos os jornalistas/produtores gráficos. Fui convidado primeiro pra FIC (2000), depois fiz concurso para professor de Produção Gráfica dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Aprovado, comecei a dar aula na Unifor em 2002, apenas como graduado. Gostei da nova profissão de professor, mas precisava me preparar melhor. Fiz especialização (Comunicação e novas tecnologias – Unifor), mestrado (Comunicação e Culturas Contemporâneas – UFBA) e um doutorado (abandonado) também na UFBA. Ensinei mais de 10 disciplinas diferentes, fui coordenador do curso de Jornalismo por 3 anos (sina) e, nos 20 anos em que estive lá, orientei perto de 200 TCCs (graduação e especialização). Foi bom enquanto durou, mesmo com muitos percalços desagradáveis no meio do caminho. O que vem depois? Sei não. Mas, com certeza, o design gráfico, editorial, seguirá ao meu lado como desde o começo. O jornalismo também, pois este me pegou com vontade, desde o dia em que a moça do guichê escolheu que seria aquela a minha profissão.
Jornalista Eduardo Freire: Há exatamente um ano, aos 60, eu começava num novo desafio. A convite de Élcio Batista, amigo de longa data, passei a fazer parte da assessoria de comunicação do Instituto de Planejamento de Fortaleza Iplanfor (hoje Ipplan). Uma seara em que eu havia passado antes, nos idos de 1993. Naquele tempo trabalhando com instituições sindicais, agora no serviço público. Recomeçar não é algo banal, principalmente aos 60, quando já estamos mais é a fim de ficar quieto, pensando na aposentadoria. Mas, ao longo de toda minha vida profissional, passei por inúmeros recomeços, alguns voluntários, outros nem tanto. Comecei como auxiliar de topógrafo, ainda como estudante do curso de Estradas, da antiga Escola Técnica Federal do Ceará (hoje IFCE). Não aguentei nem um mês de sol escaldante na cabeça, trabalhando na ampliação da BR 116, numa corrida pra receber o papa João Paulo II em Fortaleza (1980). Eu que sonhava em ficar na sala técnica, desenhando mapas e detalhes construtivos da estrada, tive que encarar a realidade do que era ser um “cassaco de estradas”, não deu pra mim. Virei desenhista de arquitetura, no escritório de Medina e Ricardo Rodrigues, algo bem mais próximo do que eu desejava. Pertinho da minha casa, na Praia de Iracema, pertinho do Estoril e da boemia da PI (Cais Bar estava começando por ali). Já era estudante de Engenharia Civil (Unifor - 1983), com rápida passagem pela Matemática, quando resolvi que estudaria Arquitetura e Urbanismo. Neste tempo, era um dos cursos mais disputados da UFC. Eu sempre passava na prova de desenho, mas não no vestibular. Numa das vezes que fui me inscrever para mais uma tentativa, a moça do guichê de inscrição me perguntou qual seria a minha segunda opção caso eu não passasse na prova de aptidão (desenho). Prepotente respondi: pode escolher, se eu não passar nesta prova de desenho eu vou ser qualquer coisa, bombeiro, bancário, policial... Sem se ofender com minha boçalidade, respondeu: ok, vou colocar Comunicação, tá bom? Concordei, mesmo sem saber que Comunicação e Jornalismo eram a mesma coisa. Por obra de Baco, acabei perdendo a prova de desenho, que seria num domingo, após uma das tantas noites de Estoril/Cais Bar. Ciente de que não concorreria para Arquitetura, resolvi encarar a tal da Comunicação, que era também outro curso bem concorrido naquele tempo. Fui pro vestibular sem grandes expectativas. Não é que passei! Mais uma guinada, largaria a Arquitetura e viraria (muitos anos depois) jornalista. Em 1989, teve um concurso para desenhista técnico de artes gráficas na UFC. Passei e fui trabalhar na Imprensa Universitária. No começo ganhava bem, para os padrões de um jovem de 26 anos que ainda morava na casa dos pais. Começava aqui minha jornada como designer e produtor gráfico. Em 1996, o serviço público já não me interessava. O salário nos tempos de FHC passara a ser de miséria. Cheguei a tirar uma licença sem remuneração pra trabalhar em assessoria de comunicação numa entidade sindical e nos meus trabalhos como designer gráfico. Depois de um breve retorno, e já sócio de mais dois colegas da faculdade, pedi as contas do serviço público federal. Bem mais adiante, um novo caminho se abre para mim: o magistério. Eram poucos os jornalistas/produtores gráficos. Fui convidado primeiro pra FIC (2000), depois fiz concurso para professor de Produção Gráfica dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Aprovado, comecei a dar aula na Unifor em 2002, apenas como graduado. Gostei da nova profissão de professor, mas precisava me preparar melhor. Fiz especialização (Comunicação e novas tecnologias – Unifor), mestrado (Comunicação e Culturas Contemporâneas – UFBA) e um doutorado (abandonado) também na UFBA. Ensinei mais de 10 disciplinas diferentes, fui coordenador do curso de Jornalismo por 3 anos (sina) e, nos 20 anos em que estive lá, orientei perto de 200 TCCs (graduação e especialização). Foi bom enquanto durou, mesmo com muitos percalços desagradáveis no meio do caminho. O que vem depois? Sei não. Mas, com certeza, o design gráfico, editorial, seguirá ao meu lado como desde o começo. O jornalismo também, pois este me pegou com vontade, desde o dia em que a moça do guichê escolheu que seria aquela a minha profissão.
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