Com a morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, as atenções se voltam ao processo que definirá seu sucessor. E um dado central indica o peso que o pontífice argentino terá mesmo após sua partida: entre os 137 cardeais eleitores que compõem hoje o Colégio Cardinalício, 109 foram nomeados pelo próprio Francisco — o equivalente a quase 8 em cada 10 votantes.
Desde o início de seu pontificado, em 2013, Francisco promoveu uma mudança significativa na composição do colégio que elegerá o próximo papa. Em dez consistórios, ele nomeou 150 cardeais — um número superior à quantidade de eleitores atuais, já que muitos ultrapassaram a idade de 80 anos, limite para participação no conclave, fixado em 1970 por Paulo VI.
Atualmente, o Colégio Cardinalício tem 252 membros, sendo 137 eleitores e 115 não eleitores. Francisco foi o responsável por alterar o perfil do grupo, ampliando sua diversidade geográfica. Se em 2013 os europeus representavam 56% dos cardeais eleitores, hoje são 38% — embora ainda liderem numericamente, com 53 representantes. A América tem 38 eleitores, a Ásia 24, a África 18 e a Oceania 3.
O papa argentino também aumentou o número total de eleitores, que antes era limitado a 120. Só em 2023, 15 cardeais completaram 80 anos e perderam o direito ao voto no conclave. A composição atual demonstra a estratégia de Francisco de buscar as “periferias” da Igreja, fortalecendo a representatividade de regiões antes menos influentes na escolha do pontífice.
Os brasileiros no conclave-Entre os 137 cardeais eleitores que poderão participar do próximo conclave, sete são brasileiros — quatro criados por Francisco e três por Bento XVI:
- Cardeal João Braz de Aviz, prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada – criado por Bento XVI
- Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo – criado por Bento XVI
- Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro – criado por Francisco
- Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus – criado por Francisco
- Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador – criado por Francisco
- Cardeal Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília – criado por Francisco
- Cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB e do Celam – criado por Francisco
- Já o cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida, é não-eleitor, por ter ultrapassado a idade limite.
Com uma maioria expressiva de eleitores escolhidos por Francisco, a sucessão do papa será, inevitavelmente, influenciada por sua visão de Igreja — mais voltada às periferias, sensível às questões sociais e com tendência a uma postura pastoral menos rígida em comparação aos seus antecessores.
- 0O papado de Francisco foi de 13/3/2013 a 21/4/2025.
Com informações do Jornal de Brasília.
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