A pandemia trouxe para muita gente uma oportunidade de atuar nos chamados “ofícios da morte”, profissões que englobam agentes funerários, sepultadores e tanatopraxistas. Nesse sentido, para destrinchar a realidade do segmento, o Death Coffee do dia 31 de julho apresentará de forma inédita os resultados do “Projeto Ofícios da Morte: Os saberes tradicionais de agentes funerários e sepultantes”.
As informações serão apresentadas por Elisana Trilha Castro, presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC). Cristina Oliveira, embaixadora do Clube Tanato, entrevistará a especialista.
Para o estudo, foram feitas pesquisas observações em campo e coleta de depoimentos de profissionais do setor funerário e cemiterial, nas cidades de Florianópolis e Blumenau - ambas em Santa Catarina.
O levantamento encontrou resultados interessantes no contexto da pandemia de covid-19 e no que diz respeito a como os profissionais relacionados à morte se veem e são vistos pela sociedade.
Para a embaixadora do Clube Tanato, Cristina Oliveira, o preconceito contra os “ofícios da morte” ainda persiste.
- O tabu em torno desse ramo de trabalho, por mais que sejam trabalhos essenciais à sociedade, ainda é causa de estranheza e medo. Agentes funerários, sepultadores e tanatopraxistas são profissionais necessários e essenciais, mas por estarem associados a momentos de dor, acabam sofrendo muito preconceito”, destaca.
A especialista ressalta que durante a pandemia, houve uma procura significativa por vagas no segmento.
- Entretanto, as pessoas chegam ansiosas e com medo do que podem vir a desempenhar no trabalho. É compreensível, pois parte delas teme a morte acima de tudo e deseja se afastar desse tipo de assunto. Acabam enxergando o trabalho como sofrível, mas essencial”, complementa.
Cristina cita alterações marcantes ocasionadas pela pandemia, incluindo o aumento da carga de trabalho.
- Esses profissionais estão inseridos na sociedade e sofrem como todos com o luto coletivo derivado das perdas. Além disso, muitas vezes, enquanto os profissionais da saúde são tidos como ‘de linha de frente’, os trabalhadores dos ofícios ligados à morte são vistos como ‘de linha final’. Mas será mesmo esse o lugar deles?”, questiona.
Sobre a palestrante - Elisiana Trilha Castro é historiadora com doutorado em História Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista em patrimônio cultural funerário. Ela é uma das coordenadoras da rede de apoio às famílias e amigos de vítimas fatais da covid-19 no Brasil e membro da Red Iberoamericana de Valoración y Gestión de Cementerios Patrimoniales.
É também uma das fundadoras e atual presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC) e atua como historiadora do Memorial Funerário Mathias Haas.
Clube Tanato - O Clube Tanato é um projeto de iniciativa do Memorial Funeral Home e tem o intuito de falar abertamente sobre a vida, a morte e o morrer de uma forma leve e livre de tabus, ajudando as pessoas a ressignificarem o olhar sobre a consciência da finitude.
Serviço
- Death Coffee do mês de julho.
- Projeto Ofícios da Morte: Os saberes tradicionais de agentes funerários e sepultadores.
- Sábado (31 de julho), às 10 horas.
- Inscrições: link da BIO @clubetanato
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