"A ideia do capacete foi muito amadurecida, refletindo sobre o cenário que a gente tinha que enfrentar; dar suporte respiratório ao paciente, ao mesmo tempo em que a gente tinha que proteger outras pessoas ao redor do paciente de se contaminarem. Então o capacete, por ser um objeto selado no pescoço, tem zero vazamento, praticamente. E com filtros a gente evita que gotículas, que o paciente poderia expelir com o vírus, contaminem o ambiente e os profissionais de saúde", explica o médico.
Após desenhar a solução, as equipes partiram para a fase de prototipação. O engajamento de instituições e pessoas corajosas foi decisivo para dar agilidade ao movimento de cooperação científica que garantiu um melhor tratamento aos pacientes. “Foi improvisado, no Instituto Senai, o laboratório Elmo, em um tempo recorde. Nós convidamos fisioterapeutas, engenheiros clínicos, técnicos da área industrial, profissionais do design, engenheiros de software e de produção. Esse pessoal todo se reuniu no laboratório testando nove protótipos ao longo de dois ou três meses", detalha.
Com o protótipo validado em mãos, em junho de 2020, os estudos clínicos foram iniciados. "O uso do capacete no primeiro paciente foi no Hospital Leonardo da Vinci, que foi eleito porque era um hospital exclusivo para tratar pacientes com covid. Lá foi feito o estudo clínico nos primeiros 10 pacientes. E nós provamos, através desse estudo [chamado de viabilidade], que era viável, seguro e confortável usar o capacete Elmo. Isso permitiu entrar no processo um ator importante, a empresa Esmaltec. Com os dados da prototipagem, fase em que ela também participou, e do teste clínico, a Esmaltec pôde submeter à Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] o projeto do Elmo. E a Anvisa autorizou para uso emergencial, em novembro de 2020", conta.
Em dezembro de 2020, quando o Brasil passou a enfrentar a segunda onda da covid-19, o Elmo começou a ser utilizado no tratamento de pacientes, registrando pico de utilização do capacete cearense entre dezembro do mesmo ano a abril de 2021.
Até o momento, a Esmaltec, empresa que fabrica os equipamentos, já distribuiu e comercializou aproximadamente 10 mil unidades no País . Cada equipamento pode ser utilizado em até quatro pacientes. Ainda sobre resultados, quase 2.400 capacetes já foram doados ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Ceará. Mais de 2.100 profissionais foram capacitados em todo o Brasil pela ESP/CE presencial ou virtualmente, incluindo os que atuaram na crise de oxigênio em Manaus, em janeiro de 2021. Hoje, a ESP sedia o laboratório Elmo. |
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