Morreu, nesta sexta-feira (22/3/2024), aos 76 anos o jornalista, escritor e teatrólogo Raimundo Oswald Cavalcante Barroso.
Oswald Barroso nasceu em Fortaleza na Casa de Saúde São Raimundo, no dia 23 de dezembro de 1947. Filho do poeta, jornalista e professor Antônio Girão Barroso e de dona Alba Cavalcante Barroso, Osvald Barroso gradou-se em Comunicação Social, além de ter alcançado o mestrado e doutourado em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará, com pós-graduação em Gestão Cultural pela ANFIAC/Paris e Pós Doutorado em Teatro, na UniRio.
Foi diretor do:
- Departamento de Ativação Cultural da Secult–Ceará (1986-1988).
- Theatro José de Alencar (1989–1991).
- Teatro da Boca Rica (1998–2004).
- Museu da Imagem e do Som do Ceará (1998–2002).
Trabalhou no caderno de Cultura do jornal O Povo.
Publicou 25 livros, que incluem artigos, biografias, poesia, textos para teatro, reportagens, estudos e organização de antologia, textos e estudos sobre cultura popular. Em sua obra destacam-se as seguintes publicações: Almanaque Poético de uma Cidade do Interior (1982), Reis de Congo - Teatro Popular Tradicional (1997), Memória do Caminho (2006), Dormir Talvez Sonhar (2007) e Entre Ritos, Risos e Batalhas (2011). Além disso, escreveu vinte textos para teatro, dentre eles: A Irmandade da Santa Cruz do Deserto (1987), A Comédia do Boi (1995), Corpo Místico (1997), Auto do Caldeirão (2004) e A Farsa do Diabo que queria ser gente (2011).
Prêmios:
- Prêmio Estado do Ceará (1985).
- Prêmio Estímulos à Dramaturgia (1996)-FUNARTE.
- Título de Cidadão Honorário de Juazeiro do Norte.
- Medalha Brasileira Folclorista Emérito (2008), concedido pela Comissão Nacional de Folclore.
Trabalhou como coordenador ou membro pesquisador nos projetos Artesanato, Literatura de Cordel e Festas e Folguedos, do Centro de Referência Cultural da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará; nos projetos das exposições Admiráveis Belezas do Ceará e Vaqueiros, do Memorial da Cultura Cearense – Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura; nos projetos Comédia do Boi, Corpo Místico, Vaqueiros e Caldeirão, da Cia. Boca Rica de Teatro; nos projetos Artesanato e Caminho de São Francisco (Secult-Sebrae); nos projetos Memórias do Caminho e Mapeamento da Cultura Imaterial do Estado, da Secult-CE, e no Projeto Inventário dos Dramas Populares do Litoral Leste do Ceará, do Iphan.
Obras
- Mercado: Juazeiro do Norte-CE, Ed. Urubu, 1976. (livreto de Cordel)
- Urubu: Juazeiro do Norte-CE, Ed. Urubu, 1976. (livreto de Cordel)
- Poemas do Cárcere e da Liberdade; Fortaleza, edição do autor, 1979.
- Cultura Insubmissa - Estudos e Reportagens; em parceria com Rosemberg Cariry, Editora Nação Cariri/Secretaria de Cultura e Desporto do Estado, Fortaleza, 1982.
- Almanaque Poético de uma Cidade do Interior; Fortaleza, Editora Nação Cariri, 1982.
- Histórias Populares - teatro (O Reino da Luminura) e literatura de cordel; Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desporto do Estado, 1984.
- Periferia - Poemas e Canções; Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desporto do Estado, 1985.
- Teatro - duas peças de teatro e um libreto de ópera (A Irmandade da Santa Cruz do Deserto, O Pão, e Moacir das 7 Mortes), Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desporto do Estado, 1986.
- Romeiros - Coletânea de textos sobre religiosidade popular; Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desporto do Estado, 1989.
- Tristão Araripe (Alma Afoita da Revolução) - Perfil histórico; Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desporto do Estado, 1993.
- Letras ao Sol - Antologia da literatura cearense: organização estudos, em parceria com Alexandre Barbalho, Fortaleza, Fundação Demócrito Rocha, 1996.
- Reis de Congo - Teatro Popular Tradicional; Fortaleza, Minc/Flacso/MIS, 1997.
- Corpo Místico & outros textos para teatro, contendo as peças: Corpo Místico, Além do Vasto Oceano, Alma Afoita, Raimundo & Raimunda e Filho do Herói. Fortaleza, Casa José de Alencar/UFC, Coleção Alagadiço Novo, 1997.
- Letras ao Sol – Antologia da Literatura Cearense; 2ª edição: organização e estudos, em parceria com Alexandre Barbalho, Fortaleza, Fundação Demócrito Rocha, 1998.
- Theatro José de Alencar: O Teatro e a Cidade, Fortaleza, Terra da Luz Editorial, 2002.
- A Arte e a Cultura na Reforma Agrária, Fortaleza, INCRA, 2004.
- Memória do Caminho. Fortaleza, Terra da Luz Editorial, 2006.
- Tristão Araripe: Alma Afoita da Revolução. Fortaleza, Museu do Ceará, 2006.
- Dormir Talvez Sonhar. Fortaleza, Fortgraf, 2007.
- Mãos Preciosas: O Artesanato Cearense (textos). São Paulo, Luste Editora, 2008.
- O Vasto Mundo dos Assentados: Fortaleza, Caldeirão das Artes, 2010.
- Entre Ritos, Risos e Batalhas. Fortaleza: Secult – CE, 2011.
- Antropologia da Arte. Fortaleza: sistema UAB/UECE, 2011.
- Teatro como Encantamento: Bois e Reisados de Caretas: Fortaleza, Armazém da Cultura, 2013.
- Um Certo Contato com a Lua: Vida e Obra de Antônio Girão Barroso: Organizador; Fortaleza, Armazém da Cultura 2014.
Governador do Ceará, Elmano de Freitas: O Ceará se despediu hoje do teatrólogo Oswald Barroso, aos 76 anos, um dos grandes mestres das artes cênicas do nosso estado. Com mais de 50 anos de carreira, Oswald era referência no Teatro Brasileiro, tendo atuado como ator, diretor, pesquisador, poeta e escritor. Teve papel importante em causas sociais e lutou, por meio de suas obras, contra a ditadura militar. Meus sentimentos de pesar a todos os familiares, amigos, admiradores e artistas que dividiram o palco com o mestre do Teatro Cearense".
Jornalista Nonato Albuquerque: Oswald Barroso sempre foi um símbolo do que o ser humano pode atingir num universo onde a arte se magnifica em criatividade e o conhecimento sobre assuntos diversos, reflete a maturidade plena que se espera de toda sábia criatura. Teatrólogo, com um intenso engajamento nas artes cênicas, atuou em muitas frentes. Foi escritor, diretor, pesquisador, produtor, poeta - de uma exemplar magnificência ao acomodar em sua poesia, o anseio da alma popular onde a narrativa parecia ser arrancada da gente nordestina. Foi ator e jornalista, com quem tive oportunidade de conviver aos tempos de redação de O Povo. Mente iluminada de saberes muitos, ele bebia na alma gentil da sabedoria popular, a noção de grandeza de sua fonte mais inspiradora. Na Redação de O Povo, era o jornalista arguto, de um texto marcado por ricas nuances de historicidade, derramando, mesmo em prosa, a veia poética de qrande celebrador da vida. O engajamento político seu estava implícito em toda sua obra, seja denunciando o abismo da sociedade, entre reconhecer a importância do saber popular e a ingerência de uma elite interessada em apoderar-se dessa dinâmica força para tirar proveito eleitoral. Uma mente como a de Oswald não cessa com a mudança de dimensão. Faz uma imersão do visível (aos nossos olhos) aos planos onde, temos a certeza, todos mergulharemos de volta ao plano de origem da nossa essência anímica. Se o corpo de Oswald tomba, sua alma emerge no mar de Luz para onde se destinam os grandes seres. Fica o legado, cobrando em cada palavra que falou e deixou escrita, a legitimidade de que se reconheça o apreço desse ser à Vida".
- Oswald Barroso
- A cortina aqui fechou
- O astro saiu de cena
- O público silenciou
- A peça ficou serena
- Os palcos da eternidade
- Esperam com ansiedade
- O momento glorioso
- Ver Deus o protagonista
- Receber seu grande artista
- Mestre Oswald Barroso".
Oswald foi um mestre que me ensinou o olhar revolucionário do teatro. Participei com ele dos grupos de teatro GRITA e do GRAPO, e através dele e de outros parceiros (Guaracy Rodrigues , Rosemberg Cariry etc) passei a admirar e a pesquisar a "Cultura Insubmissa" (título de um livro dele e de Rosemberg) que tratava da cultura popular. Com ele compus muitas obras presentes em meus primeiros álbuns, tais como Acalanto (que ele escreveu na prisão ), Água Flor, Meia Quadra e as obras da peça escrita por ele "O Caldeirão" que musiquei, gravadas por Angela Linhares (Boi Mansinho) e pela Banda VIGNA VULGARES (Beato José Lourenço). Oswald era um atuante e incansável militante cultural, sempre produzindo e divulgando sua vasta e profunda obra através de livros publicados de forma independente, que fazia questão de vender nos eventos. Que seu compromisso com a cultura e as artes do Estado do Ceará seja um exemplo para todos nós e que esse parceiro siga na luz . Meus sinceros sentimentos aos seus familiares e amigos".
Sindjorce: O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) manifesta profundo pesar pelo falecimento de Oswald Barroso, ocorrido hoje (22/3), em Fortaleza, aos 76 anos de idade. Oswald tornou-se filiado ao Sindjorce em 21 de dezembro de 1987, coincidentemente, no dia em que celebrava seu 40º aniversário, marcando sua entrada como o filiado de número 745 na entidade. Além de sua dedicação ao jornalismo, ele também se destacava como poeta, teatrólogo, militante político e pesquisador da cultura popular. Sua multifacetada contribuição para a sociedade cearense ecoará através das páginas dos jornais, dos palcos e dos corações daqueles que tiveram a honra de conhecê-lo e compartilhar de sua visão artística e compromisso social. Neste momento de dor, expressamos nossas sinceras condolências aos amigos e familiares, desejando-lhes conforto e serenidade. Que a memória de Oswald perdure, continuando a inspirar e influenciar positivamente o universo da comunicação e além".
Nirez: Conheci o jornalista, escritor, poeta, dramaturgo, político, sociólogo, folclorista, Oswald Barroso quando trabalhei no jornal "O Povo" e ele era um dos repórteres.
Pessoa muito simples, cumprimentava a todos sempre com um breve sorriso nos lábios.
Conheci melhor ainda quando liguei um dia o Rádio do meu carro e em um programa que não me recordo qual, falava de Oswald, de sua vida, de sua participação na política e ele estava presente, sendo entrevistado e passei a admirá-lo mais que antes. Antes ele era o filho do intelectual Antônio Girão Barroso, depois de ouvir o programa ele passou a ser o Oswald Barroso. Rapaz de rara inteligência, tem mais de 20 livros publicados e coleciona muitos prêmios estaduais e nacionais. Mas quem vê Oswald nas ruas, em um posto de gasolina, em um shopping, em uma livraria, se não o conhecer jamais vai saber a importância que ele tem, pela sua imensa simplicidade. Ele, como eu. Já foi diretor do Museu da Imagem e do Som, do Ceará e fez um belo trabalho, brilhante, ainda hoje lembrado por quantos tiveram a felicidade de conhecer seu trabalho. Para vocês terem uma ideia da importância de Oswald Barroso, basta consultar seu curriculum onde vai encontrar: Bacharel em Comunicação Social, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Universidade Federal do Ceará, Pós-Graduado em Gestão Cultural pela ANFIAC/Paris, Concluiu estágio de Pós- Doutorado em Teatro, pela UniRio, no Núcleo de Estudo da Performance Afro-ameríndia. Professor Associado O do Curso de Música da Universidade Estadual do Ceará, onde lecionou Antropologia da Arte, História da Arte, Estética, Estética Musical, Cultura Cearense, Teatro e Folclore. Foi professor de Antropologia da Arte, no Curso de Especialização em Arte e Cultura do Campo, da Universidade Federal do Cariri. Cedido, atualmente, ao Departamento de Sociologia, ministra a disciplina de Sociologia, no Curso de Filosofia da Uece, além de Música nas Tradições Populares e Cultura Brasileira, no Curso de Música, da mesma Universidade (crônica datada de 21/4/2022)".
Pessoa muito simples, cumprimentava a todos sempre com um breve sorriso nos lábios.
Conheci melhor ainda quando liguei um dia o Rádio do meu carro e em um programa que não me recordo qual, falava de Oswald, de sua vida, de sua participação na política e ele estava presente, sendo entrevistado e passei a admirá-lo mais que antes. Antes ele era o filho do intelectual Antônio Girão Barroso, depois de ouvir o programa ele passou a ser o Oswald Barroso. Rapaz de rara inteligência, tem mais de 20 livros publicados e coleciona muitos prêmios estaduais e nacionais. Mas quem vê Oswald nas ruas, em um posto de gasolina, em um shopping, em uma livraria, se não o conhecer jamais vai saber a importância que ele tem, pela sua imensa simplicidade. Ele, como eu. Já foi diretor do Museu da Imagem e do Som, do Ceará e fez um belo trabalho, brilhante, ainda hoje lembrado por quantos tiveram a felicidade de conhecer seu trabalho. Para vocês terem uma ideia da importância de Oswald Barroso, basta consultar seu curriculum onde vai encontrar: Bacharel em Comunicação Social, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Universidade Federal do Ceará, Pós-Graduado em Gestão Cultural pela ANFIAC/Paris, Concluiu estágio de Pós- Doutorado em Teatro, pela UniRio, no Núcleo de Estudo da Performance Afro-ameríndia. Professor Associado O do Curso de Música da Universidade Estadual do Ceará, onde lecionou Antropologia da Arte, História da Arte, Estética, Estética Musical, Cultura Cearense, Teatro e Folclore. Foi professor de Antropologia da Arte, no Curso de Especialização em Arte e Cultura do Campo, da Universidade Federal do Cariri. Cedido, atualmente, ao Departamento de Sociologia, ministra a disciplina de Sociologia, no Curso de Filosofia da Uece, além de Música nas Tradições Populares e Cultura Brasileira, no Curso de Música, da mesma Universidade (crônica datada de 21/4/2022)".
Foi premiado com a Comenda Patativa do Assaré (2020), promovida pelo Governo do Ceará, por meio da Secult. Foi agraciado também com a Medalha Brasileira Folclorista Emérito (2008), concedida pela Comissão Nacional de Folclore, assim como o Título de Cidadão Honorário de Juazeiro do Norte. Recebeu ainda os Prêmios Estímulos à Dramaturgia (1996) e o Prêmio Estado do Ceará (1985). A trajetória de Oswald Barroso esteve sempre muito ligada à Secult Ceará e aos espaços públicos culturais. Foi diretor do Departamento de Ativação Cultural da Secult-CE (1986-1988), do Theatro José de Alencar (1989 – 1991) e do Museu da Imagem e do Som do Ceará (1998 – 2002), espaços da Rede Pública de Equipamentos Culturais do Ceará (Rece). Foi também diretor do Teatro da Boca Rica (1998 – 2004). A Secult Ceará se solidariza com os familiares, alunos, amigos, e com todos os artistas que conviveram e tiveram a grande honra de aprender nos mais diversos espaços educacionais, sociais e culturais com Oswald Barroso".
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