Projeto revela a Caatinga, Bioma mais exclusivo do Planeta.
A Gastronomia também é um meio de difundir a Cultura do Bioma, como o delicioso Mousse de Palma exemplificada nesta Coluna Histórias & Sabores.
“Devemos nos dedicar não só a dominar, mas a condicionar, melhorar, compreender. Assim, é necessário integrar-se ao meio ambiente e entender que nossa vida e bem-estar estão intrinsecamente ligados ao estado da vida. Precisamos entender que, estando na Caatinga, o que fazemos aqui, na preservação ambiental, reflete no mundo como um todo, e não apenas em nós”.
A compreensão é de Nádia Cajado, professora de metodologia do trabalho científico, iniciação científica e física, que se inspira em Edgar Morin,antropólogo, sociólogo e filósofo francês, para divulgar um dos grandes trabalhos desenvolvidos com um grupo de estudantes da cidade de Caldeirão Grande, interior baiano.
O Projeto surgiu quando Nádia Cajado percebeu que os estudantes da região pouco conheciam sobre o próprio habitat: a Caatinga, um bioma peculiar e único no mundo, que abrange a região Nordeste e ocupa cerca de 10,1% do Território Nacional.
“Em vários momentos, ao discutir sobre os biomas, quando perguntei nas salas qual era o bioma predominante na nossa região, o silêncio era total. Fiz essa proposição às minhas alunas, e um dos grupos aceitou trabalhar com esse Projeto de Pesquisa”, conta Nádia.
O entusiasmo tomou conta do grupo, que se dedica à coleta de informações, à análise in loco dos recursos que o bioma oferece e a atividades de propagação, aprendendo, conservando e conscientizando sobre um dos biomas mais exclusivos do planeta. O Projeto se expandiu com muitas atividades intelectuais e práticas, como oficinas e reflexões, todas com o objetivo de valorizar a cultura diferenciada do nordestino e promover impactos positivos na sociedade.
“A valorização da cultura local da Caatinga traz consigo uma série de impactos positivos, tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente. Ao reconhecer e celebrar a rica diversidade cultural e natural desse ecossistema, promovemos impactos sociais, fortalecemos a identidade cultural e valorizamos tradições como a música, a dança, a gastronomia e o artesanato da Caatinga, gerando senso de pertencimento e orgulho”, enfatiza a professora.
Nas atividades práticas, o grupo se articulou para produzir e vender mudas de cactos ornamentais e vasos biodegradáveis, incentivando práticas sustentáveis e valorizando a biodiversidade local. A gastronomia também foi uma forma de disseminar a cultura do bioma.
“Existem várias formas de conscientizar e promover a valorização desse bioma, e uma das formas escolhidas por nós foi o empreendedorismo. Produzimos e vendemos mudas de cactos, mas não queremos vender apenas o produto; buscamos também levar informações e alertas sobre o nosso bioma. Além disso, pensamos em trazer ideias de culinária baseadas no bioma, algo muito presente em nossas vidas”, relata Lay, uma das jovens pesquisadoras.
A Caatinga oferece uma biodiversidade única, com ingredientes tradicionais e exclusivos, como licuri, umbu, farinha de jatobá e mel de abelha uruçu, além dos emblemáticos cactos de várias espécies, as famosas Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), hoje vistas sob um novo olhar. Esses ingredientes podem ser valorizados na gastronomia local, promovendo sua preservação e conscientização sobre a importância do bioma.
“A Gastronomia da Caatinga reflete a adaptação do homem à natureza árida. Os ingredientes simples e saborosos da culinária local compõem um verdadeiro banquete para o paladar. Temos a palma e o mandacaru, dois ingredientes emblemáticos ainda pouco explorados na gastronomia da Caatinga”, explica Nádia.
“A palma, além de ser alimento para o gado, pode ser consumida pelo homem. Seus frutos, ricos em água e nutrientes, são utilizados na produção de doces, geleias e compotas. Já o mandacaru pode ser aproveitado para sucos, sorvetes e geleias. Sua polpa também pode ser fermentada para produzir bebidas alcoólicas”, descreve a professora.
O projeto, intitulado Cidadão Planetário: Conhecendo e Preservando a Caatinga, desenvolvido pelo grupo por meio do Colégio Estadual Rômulo Galvão, será apresentado na Feira Internacional de Inovação, Ciência e Tecnologia (Feincyt) que será realizada no México, em julho de 2025, representando a educação pública da Bahia em um evento de alcance global.
Antes de chegar ao México, os estudantes combinaram de privilegiar a coluna Histórias & Sabores com uma receita deliciosa feita com palma, resistente e nutritiva. Os autores da delícia são Ana Julia Mangabeira dos Santos, Everton Jones dos Santos Gonçalbes, Gustavo Almeida, Marcos Ryan Carvalho de Araujo, Luís Eduardo dos Santos e Kauan Gomes! Acompanhe e faça!
Receita de Mousse de Cocada Cremosa da Palma-Ingredientes:
- 2 folhas de palma forrageira (sem espinhos)
- 1 lata de leite condensado
- 1 vidro de leite de coco (200 ml)
- 1 pacote de coco ralado (100 g)
- 1 lata de creme de leite (sem soro)
- 1 envelope de gelatina sem sabor (12 g)
- 5 colheres de sopa de água (para hidratar a gelatina)
- Açúcar a gosto (opcional).
Modo de preparo:
- Corte a palma em pedaços pequenos e cozinhe em água com uma colher de suco de limão por cerca de 10 a 15 minutos.
- Escorra bem e bata os pedaços no liquidificador até obter um purê homogêneo.
Preparar a base de Cocada Cremosa:
- Em uma panela, misture o purê de palma, o leite condensado, o leite de coco e o coco ralado.
- Leve ao fogo médio, mexendo sempre, até formar um creme levemente espesso.
- Deixe esfriar completamente antes de continuar.
- Dissolva a gelatina sem sabor em 5 colheres de sopa de água e aqueça para ativar.
Preparar a Mousse:
- No liquidificador, bata o creme de cocada já frio, o creme de leite e a gelatina dissolvida até obter uma mistura homogênea.
- Ajuste o açúcar, se necessário, e leve à geladeira por pelo menos 4 horas, ou até firmar. Sirva e aproveite!
- @isabel _qoliveira
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- Isabel Oliveira ( Facebook)
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