Augusto Cesar Benevides - Passei um bom tempo da minha vida tendo que ir a compromissos sociais. Dirigia emissoras de televisão e na Manchete principalmente recebia alguns pedidos dos patrões, Oscar e Adolpho Bloch, para representa-los em reuniões sociais, homenagens etc. Tudo muito chato mas eu não poderia deixar de ir porque além de observarem a minha ausência, estaria desobedecendo aos patrões. Fui a festas, entregas de medalhas, enterros, posses, aniversários etc. Muitos abraços, muitas conversas do tipo que você ouve mas não escuta e sempre no meio da conversa surge um amigo, conhecido e coisa e tal para interromper o papo e começar outra conversa deixando ali ao lado o conversador que já estava no meio da história .E o uísque passando...de repente você se anima e tome abraço, saudações, risadas...Anos atrás representei Cid Gomes, o governador do Ceará, em alguns eventos. E quando você chega como governador, é insuportável, rs. Mas eu ia fazia tudo direitinho ,como diria minha saudosa mãe. O querido amigo Lúcio Brasileiro uma ocasião me chamou para em reduto da família Macedo ir a um jantar em homenagem aos principes Orleans e Bragança. Confirmei. Era de paletó, gravata, tudo que eu não gosto.
Adoro o Lúcio, um amigo de muitos anos, mas achei que seria um saco apesar do querer bem a ele e à família Macedo a quem sempre fui muito ligado. Quando ia saindo, o Mino liga para ir a um cinema e depois tomar uns chopes com as companheiras. Falei do jantar, e ele disse: "Va não, criatura! Depois a gente liga pro irmão (como tratamos o Lúcio) e pro Amarílio. São nossos irmãos." Peguei corda e segui o conselho do Mino. Mas Lúcio ,muito cuidadoso com tudo que faz, ligou lá pra casa e a nossa secretária atendeu. Perguntou por mim e ela respondeu. Ele saiu pra jantar. E Lúcio perguntou: "Foi de paletó?". E a moça: "Não senhor!" No outro dia estava na coluna do Lúcio Brasileiro: "Convidado para jantar com os príncipes, de paletó e gravata, Guto Benevides saiu para jantar em mangas de camisa." Nota leve mas ficou chateado. Outra vez, foi para aqueles almoços na casa do Cláudio Aguiar. Era em homenagem ao Tasso. Estava fazendo uns exames e não disse nada a ninguém. Era coisa do coração, orientado pelo primo Cabeto. Cláudio Aguiar ligou: "Gutinho, tu não vem não, macho?" E eu, sem beber, fazendo exames às vésperas de um cateterismo, perguntei, o Cabeto está aí ? Então me deixe falar com ele. Perguntei e Cabeto disse: "Venha não! Você vai beber, já está todo mundo bebendo...amanhã tem exames..." Não fui. Lúcio ficou chateado. Mas liguei para o Cláudio, expliquei e aí ele fez um AAA (almoço na casa do Cláudio Aguar - AAA significa: almoço, Aguiar, Ancoradouro) em homenagem a mim. Esse eu não teria desculpa, rs. Fui e indiquei os convidados, entre eles, Gustavinho, Pedro Gurjão (que proferiu um lindo discurso), Pio, Totonho, Neo Pi Neo, maestro Rodolf Forte, com sanfona e tudo e outros mais que agora não lembro. Foi até de noite. Animadíssimo!! Mas recentemente me convidou para um almoço em homenagem a ele e não pude ir por conta de exames novamente, mas não quis explicar senão iam dizer que iria botar safenas etc. Não fui. E tentei falar mas não consegui. Sei que ele sabe que é uma das pessoas que mais quero bem. Sempre me orientou no começo da minha vida profissional, almoçamos várias vezes em sua cobertura no Iracema Plaza Hotel ,estive em sua casa no Cumbuco, quando jogamos uma pelada com o saudoso Neno, Mino e outros danados e queridos. Alguns anos atrás nosso encontro foi no aeroporto de Lisboa onde passamos algum tempo na "serpentina" da imigração e às gargalhadas contando histórias hilárias de amigos nossos. Se alguém puder, mande pra ele esses escritos. Já tentei, mas sem retorno. Quero que ele saiba que a amizade nada mais é do que um entendimento perfeito entre as coisas divinas e humanas, junto com o sentimento de se querer bem.
Hoje priorizo VIVER. Não quase viver, VIVER, fazendo o que gosto muito e cuidando da saúde para viver muito mais. Um dia cheguei no apartamento dele e Francisco, fiel assistente me disse: "Seu Lúcio está mal mas não quer que chame médico!" Liguei para o cunhado Pompeu (saudoso Pompeuzinho), otorrino, prestativo. Foi lá, cuidou do Lúcio e tornaram-se amigos-irmãos. Mas hoje eu não queria que me convidassem para eventos, jantares, sereias etc.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas imaturas. Muito menos sendo bolsonaristas, risos. Não tem quem aguente, esses tais “patriotas”, penso. Quem disse algo parecido foi Rubem Alves. Mas na verdade, amo os meus amigos e tenho certeza de que: de todas as coisas que a sabedoria proporciona para que se obtenha uma existência feliz, a maior é a amizade.
Comentários
Postar um comentário