Artistas do Laboratório de Música da Escola Porto Iracema das Artes apresentam nesta terça-feira (26) e quarta-feira (27 de abril), o desenvolvimento de seus projetos. Este momento de partilha pública recebe o nome de Rotas de Criação, e é gratuito e aberto ao público. As atividades ocorrem na Sala de Música e a entrada é por ordem de chegada. O espaço fica sujeito a lotação.
Quatro projetos participam desta edição do Rotas de Criação. Dois deles, o “Caiô e Outragalera – Um salve à música negra cearense”, formado por Caiô, Thais Pinheiro, Agno César e Rami Freitas e o “Música Periférica Brasileira”, composto por Carú Lima, Thais Costa, DJ Janas e João Pompeu, se apresentam na terça-feira.
Já o projeto “Mulher de 60”, das artistas Adna Oliveira, Ayla Lemos e Roberta Kaya se apresenta na quarta-feira (27), dividindo o espaço com o projeto “O Cheiro do Queijo – Circo Rap”, formado por Igor Cândido (Abu da Pereba), David Cruz (Bito Beat) e Maria Angélica. O cantor e compositor Russo Passapusso, tutor do projeto “O Cheiro do Queijo”, participa deste momento do Rotas de Criação.
Mona Gadelha, coordenadora do Laboratório de Música da Porto Iracema das Artes, ressalta a importância das Rotas de Criação no percurso formativo dos artistas durante o desenvolvimento dos projetos.
- Ao longo dessas nove edições do Lab Música, acompanhamos com muito entusiasmo o percurso de cada projeto artístico, e isso significa presenciar transformações, crescimento, aprendizado. Por isso, o momento das Rotas de Criação é singular, é uma oportunidade para ouvir os(as) próprios(as) artistas discorrerem sobre seus processos e duas descobertas”, diz.
A cantora, compositora e atriz Adna Oliveira, participante do projeto “Mulher de 60”, trará ao Rotas de Criação uma mostra de potencialidades das mulheres na cena artística cearense. Nomeado ‘Mulher de 60 – Convida”, a atividade visa promover uma “conscientização por meio da arte”, que reúna mulheres de diversas idades fomentando uma troca cultural e geracional. Ela resume que a proposta busca “provocar conscientização por meio da arte, entre as diversas gerações, alimentadas por um desejo de realizar uma utopia que sempre me persegue, ou eu a ela. De um mundo igualitário, sem preconceito de qualquer espécie. Onde o amor (não o romantizado, como palavra desgastada), seja fonte de total respeito e união entre todo ser vivente”, conclui.
KAY SARA - Dando início à nova temporada dos Cursos Básicos de Audiovisual, Artes Visuais e Artes Cênicas a Escola Porto Iracema das Artes recebe, no âmbito do Navegações Estéticas, a multiartista indígena Kay Sara, a cineasta Glenda Nicácio e a grafiteira Carolina Jaued, a Krol. A partir de suas próprias trajetórias artísticas, as três mulheres dão sequência aos debates das Poéticas Afro-indígenas, operador poético que norteia e atravessa as ações da Escola em 2022 e começou com a masterclass do filósofo Renato Noguera. Todos os eventos são gratuitos e abertos ao público, ocorrendo entre terça-feira (26) e quinta-feira (28 de abril), às 19 horas, na Porto Iracema das Artes.
A multiartista indígena Kay Sara abre a série de atividades com um bate-papo com a temática “Cultura indígena: a perspectiva de uma Tariana do terceiro clã”. O evento ocorre nesta terça-feira (26), às 19 horas, no auditório da Escola. Durante a conversa, Kay Sara, nascida no povoado de Iauaretê, no estado do Amazonas, na fronteira com a Colômbia, compartilhará sua experiência como atriz e performer, seus trânsitos entre audiovisual e teatro, tecendo cruzamentos entre arte e vida na perspectiva de uma mulher indígena e trazendo questões como a descolonização, a conscientização sobre a cultura indígena, a Amazônia e os povos que nela vivem.
O bate-papo terá mediação de Maíra Abreu, coordenadora dos cursos básicos de Artes Cênicas da Porto Iracema. Ela ressalta a importância de abrir o Percurso Básico em Teatro com “uma multiartista que constrói seu fazer partindo de sua ancestralidade, narrando suas próprias histórias, compartilhando com o mundo ocidental a sabedoria de seu povo”. Essa partilha entre Kay Sara e jovens artistas que estão apenas começando suas trajetórias aponta para “a construção de um novo cenário artístico, que reconhece a centralidade dos povos ancestrais e originários”, conclui.
A cineasta Glenda Nicácio dá sequência às atividades do Navegações Estéticas na quarta-feira (27), às 19 horas, no auditório da Escola. Ela participa de uma conversa sobre o filme “Café com Canela”, dirigido em parceria com Ary Rosa, que também será exibido na ocasião. O evento será mediado por Kênia Freitas, curadora do cinema do Dragão.
Glenda destaca que o filme traz um debate sobre protagonismos negros. “Café com Canela é um filme que traz liberdade na sua forma, tanto pelas construção de linguagem que tece, quanto pelo protagonismo feminino negro, que retrata as vivências cotidianas de uma comunidade atravessada pela ancestralidade do afeto” detalha Glenda, convidando o público ao evento.
Encerrando as atividades do Navegações Estéticas, a grafiteira Krol, do coletivo Minas de Minas Crew, participa da palestra “Mulheres, muros e o processo criativo no Graffiti” na quinta-feira (28), às 19 horas, no Pátio da Escola. O coletivo, atuante há 12 anos em street art, é formado por quatro artistas que trazem nos painéis imagens de mulheres que rotineiramente ficam às margens em representações na mídia. O momento terá ainda a participação da grafiteira Dinha Ribeiro, artista pernambucana radicada no Ceará. A mediação será de Calmila Alves, coordenadora dos cursos básicos em Artes Visuais da Porto Iracema das Artes.
Camila Alves destaca que a proposta do evento é reunir, além das pessoas interessadas no tema do Graffiti, outras grafiteiras e trazer um momento de reflexão sobre a street art e o estar nas cidades. “Falaremos um pouco sobre a série “Nós podemos tudo” do Minas de Minas Crew, uma sequência de murais feitos por elas e que envolvem tantas outras mulheres conhecidas e reconhecidas por suas histórias no país”, conclui.
SOBRE KAY SARA-Kay Sara é uma multiartista nascida no povoado de Iauaretê, localizado na fronteira com a Colômbia, no Estado do Amazonas. Filha de nativos da etnia Tariano e Tukano. Participou do Grupo Dyróa Bayá. Conta com algumas participações em filmes, séries, e no teatro. Em destaque “Uayna Lágrimas De Veneno” (2010), “A Terra Negra Dos Kawa” (2018), a série “Aruanas” (2019). Em 2018 criou sua primeira performance solo autoral: “PÊ’TÍÍA’NÃWE- EXTERMÍNIO”. No teatro faz parte do elenco “Brian ou Brenda?” (2019). Ainda em 2019 recebeu um convite para ser Antígona da peça do diretor suíço Millo Rau, sendo essa sua primeira peça estrangeira.
SOBRE GLENDA NICÁCIO-Glenda Nicácio é graduada em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). É sócia fundadora da produtora independente Rosza Filmes, fundada em 2011 juntamente com Ary Rosa. Como realizadora audiovisual desenvolve funções como direção geral, direção de arte e direção de produção, em longas-metragens de ficção. Realizou a direção geral e a direção de arte dos longas-metragens: “Café com Canela” (Ary Rosa e Glenda Nicácio,2017), “Ilha” (Ary Rosa e Glenda Nicácio, 2018); “Até o Fim” (Ary Rosa e Glenda Nicácio, 2020), “Voltei” (Ary Rosa e Glenda Nicácio, 2020); “Eu não ando só” (Glenda Nicácio, 2021).Também desenvolve projetos e práticas de cinema e educação.
SOBRE KROL-Carolina Jaued, conhecida como KROL por atuar na street art, iniciou em 2007 através do “sticker” ou Lambe-Lambe. Em 2008 iniciou no Graffiti até os dias de hoje. Em 2012 iniciou como co-fundadora da crew (grupo) Minas de Minas que valoriza o papel da mulher na cultura urbana e a efetividade das mulheres em todos os aspectos. Em toda a sua trajetória tem como pesquisa o papel da mulher na arte e a presença da mulher no graffiti em todo o mundo. Todo esse trabalho desenvolve uma troca de informações e interação com outros artistas de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Sta Catarina, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Curitiba, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Alagoas e Brasília. Como agente cultural atua na difusão do graffiti feito por mulheres através de oficinas de captação e eventos voltados para o público feminino.
SOBRE AS NAVEGAÇÕES ESTÉTICAS-Com a intenção de reunir as pessoas interessadas em diferentes tipos de arte com artistas de carreira consolidada e projeção nacional, o Navegações Estéticas é um encontro que gera um ciclo de reflexões, diálogos e experimentações, tendo como foco o processo criativo.
MULHER INDÍGENA - Na quinta-feira (28 de abril), às 19 horas, a Porto Iracema das Artes, escola de formação e criação do Governo do Ceará, realiza a aula aberta “A representação da mulher indígena na história da arte brasileira sob o olhar de uma mulher Guarani Nhandeva”, com a antropóloga, pesquisadora e curadora de arte, Sandra Benites.
A aula, que ocorre no auditório da Escola, é gratuita e aberta a quaisquer pessoas interessadas na discussão. Sandra Benites, doutoranda em Antropologia Social no Museu Nacional do Rio de Janeiro e curadora adjunta no Museu de Arte de São Paulo (MASP), explica que o encontro é uma oportunidade de diálogo e construção conjunta partindo de temáticas que discutem a ideia do indivíduo como parte do coletivo no fazer artístico.
A pesquisadora compõe, junto com Luciara Ribeiro e Beatriz Lemos, a equipe de mediadoras que acompanham a Temporada Formativa da 8ª edição do Laboratório de Artes Visuais da Porto Iracema. No período de 25 a 29 de abril, Benites realiza o primeiro módulo presencial do processo Formativo na Escola.
Sobre o Laboratório de Artes Visuais-Pesquisa artística realizada por Luiz Paulo Aragão, Jônatas Joca e Rafael Lima, de Fortaleza, promove provocações dramatúrgicas sobre o território das danças urbanas no intento de extrapolar a cultura House, aproximando-a das linguagens vernaculares, atravessando-a das danças afro diaspóricas, re-territorializando-a ao cenário da cidade da luz e ao movimento das marés dançantes festivas e locais.
Sobre Sandra Benites-Sandra Benites Guarani Nhandewa é Mestra em Antropologia Social pelo Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Curadora adjunta de arte Brasileira no Museu de arte de São Paulo (MASP) e atualmente doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ.
Sobre a Escola-A Porto Iracema das Artes é a escola de formação e criação do Governo do Ceará, instituição da Secretaria da Cultura (Secult) gerida pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). Criada em 29 de agosto de 2013, há oito anos desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de Cursos Básicos e Técnicos, além de Laboratórios de Criação. Todas as ações oferecidas são gratuitas.
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