Morreu nesta terça-feira (20 de setembro de 2022), em Fortaleza, aos 88 anos o advogado, filósofo e economista Valfrido Salmito Filho. Ele nasceu, em São Benedito-Ceará, em 24 de junho de 1934, filho de Valfrido Salmito de Almeida e Maria Filizola Salmito.
Em 1955 iniciou o Curso de Filosofia no Seminário São Francisco em Olinda (PE), concluindo-o no ano seguinte. Em seguida, ingressou no Curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), em 1957. Durante o Curso, participou do Programa de Treinamento em Desenvolvimento Econômico (PTDE) no Instituto de Economia da UFC, em 1960. No ano seguinte bacharelou-se em Direito.
Funcionário do Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB) entre 1959 e 1962, nesse último ano fez o curso da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), na Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) de Recife. Ainda em 1962 foi admitido como analista de projetos têxteis desta autarquia. Dois anos depois foi promovido a chefe da divisão de programas especiais, no programa de recuperação da Indústria Têxtil do Nordeste.
Prosseguindo com seus estudos superiores, entre julho de 1965 e março de 1966, participou de um treinamento em programas de assistência à pequena e média empresas, nos institutos de economia das cidades alemãs de Hamburgo, Kiel e Berlim Ocidental. Ao regressar ao Brasil, assumiu a chefia da divisão de pequena e média empresa do Departamento de Indústria da Sudene. Em 1967 foi transferido para a divisão de análise de projetos e ainda neste mesmo ano foi promovido a diretor-adjunto do mesmo departamento. Em 1970, participou de um treinamento em distritos industriais e assistência à pequena e médias empresas na Índia (Nova Délhi, Bangalore e Hyderabad), no Japão (Tóquio) e na Coréia do Sul (Seul).
Em 1972 tornou-se diretor do departamento de indústria da Sudene, cargo no qual permaneceu até 1974. Nesse ano, afastou-se da autarquia, assumindo a diretoria do departamento rural e cooperativo do BNB. Em 1978 tornou-se membro do conselho de administração do BNB. Nesse mesmo ano retornou à Sudene, nomeado superintendente do órgão, em substituição a José Lins de Albuquerque. A nomeação de Salmito — que iniciara sua carreira na Sudene ainda nos tempos de Celso Furtado, o fundador e primeiro superintendente da autarquia, nos anos de 1959 e 1960 — quebrou um tabu que se instaurara desde a saída deste economista do órgão, quando foi cassado pelo regime militar: a nomeação de militares e técnicos de outras áreas, que evitassem a retomada das idéias de Furtado. No clima da abertura política, o recém-empossado chegou inclusive a convidar o economista para contribuir com suas idéias junto à equipe do órgão.
Ao ser empossado, Valfrido Salmito demonstrou preocupação com o momento de abertura política e democrática que se instaurara no país e suas repercussões no Nordeste. Ele temia “o surgimento de lideranças mal inspiradas e que possam acirrar as massas desempregadas, levando-as a uma exacerbação de descontentamento maior que a de antes da Revolução, uma vez que se identifique um agravamento das disparidades entre os estágios de desenvolvimento em que vivem o Centro-Sul e o Nordeste”. Com essa perspectiva, ao assumir o cargo, defendeu uma reavaliação do papel da Sudene, através de um reposicionamento das questões básicas da região e cobrar do governo federal uma atuação mais profunda junto aos problemas do Nordeste.
Em março de 1979 anunciou que a Sudene, numa ação conjunta com o Banco do Nordeste, estava elaborando um programa especial para estimular a criação de empregos na região. O projeto diferia dos anteriores por não estar vinculado à criação de indústrias. Em junho seguinte, ao participar de um simpósio sobre a Sudene na Câmara dos Deputados, conclamou os parlamentares a voltarem a cooperar nas discussões sobre os problemas do nordeste e a lutarem por medidas efetivas que possibilitassem o desenvolvimento da região. Segundo o superintendente, “o Nordeste tem 25 anos de prioridade retórica que não se transforma nunca em prioridade orçamentária”.
Em outubro de 1980 surgiram rumores de sua saída do órgão, devido ao descontentamento de certos setores com sua política de inscrição de trabalhadores rurais para o recebimento de assistência financeira, em virtude da grande seca que assolou toda a Região Nordestina.
Salmito foi obrigado a cancelar 90 mil inscrições consideradas irregulares, o que teria desagradado algumas lideranças locais. No entanto, deixou o cargo somente em outubro de 1984, sendo substituído por Marlos Jacob Tenório de Melo. Nessa ocasião, tornou-se assessor do Ministério do Interior em programas de desenvolvimento do Nordeste, aí permanecendo até maio de 1990.
Ao deixar o Ministério de Interior, retornou à Sudene como superintendente adjunto. Aposentado em maio de 1991, foi em seguida reintegrado aos quadros do BNB, na condição de assessor do gabinete do presidente da instituição.
Foi conselheiro editorial do jornal O Povo de 1989, no Ceará, escrevendo esporadicamente artigos para a imprensa, tendo participado da elaboração, junto com outros profissionais, da Carta de Princípios do Grupo O Povo.
Ao deixar o Ministério de Interior, retornou à Sudene como superintendente adjunto. Aposentado em maio de 1991, foi em seguida reintegrado aos quadros do BNB, na condição de assessor do gabinete do presidente da instituição.
Foi conselheiro editorial do jornal O Povo de 1989, no Ceará, escrevendo esporadicamente artigos para a imprensa, tendo participado da elaboração, junto com outros profissionais, da Carta de Princípios do Grupo O Povo.
Casou-se com Adeilda Rigaud Salmito, com quem teve três filhos.
Publicou Agroindústria para o Nordeste (1977).
Nazareno Albuquerque - É um dos autores do livro "50 anos de desenvolvimento industrial do Ceará: de Paulo Afonso ao Pecém", juntamente com Pedro Jorge Ramos Vianna e Nazareno Albuquerque.
- O professor Salmito está no rol dos grandes cearenses, na academia e na vida pública, pelo seu legado como economista e cidadão nordestino”, afirma Nazareno Albuquerque.
Corecon-CE - A presidente do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), Silvana Parente, ressalta que Salmito faz parte da história do desenvolvimento industrial do Ceará e do Nordeste, iniciada por Celso Furtado.
- Para além de suas posições de superintendente da Sudene e diretor do BNB, atuou fortemente como assessor parlamentar da bancada nordestina na Assembleia Nacional Constituinte de 1888, sendo responsável pelas grandes conquistas com respeito aos instrumentos de desenvolvimento regional, hoje tão ameaçados", diz Silvana Parente.
- Nosso grande respeito e gratidão pela sua luta em prol da redução das desigualdades regionais", finaliza em sua manifestação de pesar a presidente do Corecon-CE.
O velório de Walfrido Salmito aconteceu, na Funerária Ehternus. A Missa de Corpo Presente foi às três da tarde, seguida do sepultamento no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza, na tarde deste terça-feira (20).
- O professor Salmito está no rol dos grandes cearenses, na academia e na vida pública, pelo seu legado como economista e cidadão nordestino”, afirma Nazareno Albuquerque.
Corecon-CE - A presidente do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), Silvana Parente, ressalta que Salmito faz parte da história do desenvolvimento industrial do Ceará e do Nordeste, iniciada por Celso Furtado.
- Para além de suas posições de superintendente da Sudene e diretor do BNB, atuou fortemente como assessor parlamentar da bancada nordestina na Assembleia Nacional Constituinte de 1888, sendo responsável pelas grandes conquistas com respeito aos instrumentos de desenvolvimento regional, hoje tão ameaçados", diz Silvana Parente.
- Nosso grande respeito e gratidão pela sua luta em prol da redução das desigualdades regionais", finaliza em sua manifestação de pesar a presidente do Corecon-CE.
O velório de Walfrido Salmito aconteceu, na Funerária Ehternus. A Missa de Corpo Presente foi às três da tarde, seguida do sepultamento no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza, na tarde deste terça-feira (20).
Com informações do jornal O Povo; Globo (10 de outubro de 1980); INF. BIOG.; Jornal do Brasil (1, 7 e 13 de julho de 1978 e 4 e 13 de janeiro, 27 de março e 27 de junho de 1979); Veja (12 de julho de 1978); O Estado (17 de setembro de 2009).
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