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Fernanda Montenegro-80 anos


A trajetória no rádio, na televisão, no teatro e no cinema de uma das maiores atrizes brasileiras é recontada em “Fernanda Montenegro – A Defesa do Mistério” pela jornalista e crítica de cinema Neusa Barbosa. O perfil de Fernanda Montenegro, que completa 80 anos amanhã, integra a Coleção Aplauso, editada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, e será lançado no dia 28 de outubro, às 19 horas, durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Sobre Fernanda Montenegro, há um universo a dizer. Mas ter tanto o que falar sobre ela é, por paradoxo, o que torna mais difícil contar sua trajetória. Segundo Neusa Barbosa, autora de “Fernanda Montenegro – A Defesa do Mistério”, muita coisa é ou já foi dita sobre a grande atriz em jornais, revistas, rádios e televisão. O depoimento para este volume da Coleção Aplauso, construído por “uma memória impecável, lucidez constante, ética profissional que a leva sempre a compartilhar as próprias conquistas com os colegas e um inatacável orgulho profissional”, traça um perfil da atriz por meio da expressiva densidade poética de sua voz. O lançamento será no dia 28 de outubro, às 19 horas, na grande festa da Coleção Aplauso durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, no Shopping Frei Caneca (4º andar), em São Paulo. Além de sua biografia, outros 39 títulos da Aplauso serão lançados.
Os números que envolvem Fernanda Montenegro são expressivos: quase 60 anos de teatro e TV, mais de 200 teleteatros, 56 peças, 20 novelas e 16 filmes. Por enquanto, porque a atriz que completa 80 anos em outubro deste ano não pensa em parar. A carreira começou aos poucos: primeiro um curso de radialistas na Rádio do Ministério da Educação e Cultura, em 1945. Dois meses depois, a admissão na rádio e o trabalho como locutora, apresentando uma programação musical e a literatura brasileira. Em 1950, foi para a televisão fazer um esquete e foi contratada por dois anos – criou-se na TV Tupi do Rio de Janeiro ciclos de teatro brasileiro e universal. “Juntando rádio e TV, fui me entrosando na literatura dramática e aprendendo meu ofício. Por onde a vida foi me levando, eu fui me formando”, conta.
No teatro, apresentou-se aos 8 anos em um dramalhão chamado Os Dois Sargentos, apresentado na paróquia que frequentava no subúrbio do Rio. Depois, aos 16, preencheu um personagem de menos importância na peça Natacha que colegas da faculdade de Direito estavam montando. Em 1950, aos 21 anos, fez um papel pequeno em Altitude 3.200, produzida por Maria Jacinta; atuação que lhe rendeu o convite à televisão. A TV foi, aos poucos, dando tempo para sua família se acostumar com sua profissão de atriz.
À época, Fernanda já era Fernanda. Nasceu Arlette Pinheiro Esteves da Silva, em 1929, e na Rádio MEC passou a assinar os programas culturais que escrevia como Fernanda Montenegro. “Para mim, era um nome que tinha um certo humor dentro dele. Tinha alguma semelhança com Conde de Monte Cristo”. Ela conta que foi só “no meio do caminho” que Fernando Torres, o marido com quem foi casada desde 1953, descobriu que ela era Arlette, e não Fernanda. Mas só a mãe e as irmãs continuaram chamando-a pelo nome de batismo.
Depois de mais algumas peças ainda no Rio de Janeiro, Fernanda juntou-se aos Artistas Unidos, com Madame Henriette Morineau – “uma grande mestra” – e em 54 chegou a São Paulo, onde ficou até 1959, vivendo a grande estrutura teatral da capital paulista, impulsionada pelo Teatro Brasileiro de Comédia. “A vida teatral em São Paulo fervilhava”, conta. “Muitas companhias de teatro, de cinema, de dança, movimentos de artes plásticas, editoras”. Em “Fernanda Montenegro – A Defesa do Mistério”, a atriz fala com paixão do ambiente cultural que a formou, tanto no Rio de Janeiro, na efervescência da Cinelândia, quanto em São Paulo, envolvida com os grupos de teatro e Dulcina de Morais. “Como atriz, eu me formei vendo o teatro carioca, mas me estruturei nos cinco anos em que vivemos em São Paulo”.
Fernanda prossegue sua narrativa detendo-se nos anos iniciais da carreira e na relação com as companhias de teatro. Fala do Teatro dos 7, companhia que montou com Ítalo Rossi, Fernando Torres, Sérgio Britto, Gianni Ratto, sua esposa, Luciana Petrucelli e Alfredo Souto de Almeida, um amigo diretor. Com eles, encenou perto de 400 teletextos, ao longo de nove anos da TV Tupi, e, entre muitas outras peças, O Beijo No Asfalto, que Nelson Rodrigues fez para o grupo. “Uma experiência rica, única, fundamental para minha vida e a do Fernando. Amadurecemos como artistas e como cidadãos”, fala a respeito da companhia.
Os anos turbulentos da ditadura militar, com repressão e ameaças de atentados, e as questões financeiras para produção dos espetáculos também são contemplados pela atriz. Ela dedica ainda especial atenção à sua carreira no cinema. Confessa nunca ter se interessado por fazer filmes, mas ainda assim ter participado de algumas produções, como A Falecida, Pecado Mortal, Eles Não Usam Black Tie, O Que é Isso, Companheiro?. “Aí veio Central do Brasil”, diz. “Central do Brasil foi uma experiência única na minha vida”. Fernanda fala da recepção ao filme, das viagens para divulgação e premiação. Entre elas, o Oscar, para o qual foi indicada como Melhor Atriz – “
Uma coisa que eu não sou é alienada, portanto, eu sabia que não ganharia nada. Imagina. Eu estar ali já era um fenômeno” –, e, mais importante que essa, o Festival de Berlim. “Até ali, eu não tinha visto o filme em tela grande. Fui assisti-lo pela primeira vez em tela grande lá, junto com a plateia. E o filme se revelou ali para nós também. Berlim foi um acontecimento”.
O cinema, uma guinada inesperada e importante em sua vida, ganha espaço para reflexão, junto com pensamentos a respeito dos processos de trabalho em outros meios. Ao fim e ao cabo, Fernanda levanta pontos importantes de discussão sobre a arte no Brasil hoje, ancorada em sua vasta experiência na TV e nos palcos. Considera ter “uma experiência de vida interessante”, mas diz que “nunca pensei em escrever uma autobiografia. Porque é como nas entrevistas: se me perguntam, eu falo, do contrário, me calo”.
Neusa Barbosa é jornalista. Lançou, pela Coleção Aplauso, “Rodolfo Nanni – Um realizador persistente” e “John Hebert – Um gentleman no palco e na vida”.


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