Às 7h15 da manhã, os monges residentes no Mosteiro de São Bento, no Centro do Rio, começaram a entoar os cantos gregorianos que dão início à missa matinal. Encerrada a celebração de 45 minutos na capela-mor, retiraram-se para seus aposentos. A rotina de orações e trabalho daquele dia 6 de setembro só foi quebrada às 9 horas, com a chegada da recenseadora do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com seu dispositivo móvel de coleta à mão, veio pronta para fechar mais uma série de questionários.
Mas por que o IBGE faz recenseamento em um mosteiro? Porque o Censo também entrevista as pessoas que residem em estabelecimentos ou instituições onde a relação entre os habitantes é restrita a normas de subordinação administrativa. São os chamados domicílios coletivos com morador. Além de mosteiros e conventos, esta classificação inclui quartéis, asilos, orfanatos, pensões, hospitais, clínicas (com internação), presídios e até campings.
- No Censo de 2010, os domicílios coletivos representavam 0,1% de todos os domicílios ocupados no Brasil”, lembra Gustavo Junger, técnico da Coordenação de População e Indicadores Sociais (Copis) do IBGE. Passada mais de uma década, mudanças metodológicas, conceituais e tecnológicas refinaram a contagem, o que deve ser percebido no Censo 2022. “A própria tipologia dos domicílios coletivos foi alterada”, ressalta o técnico.
Em 2010, foram pesquisados cinco tipos de domicílios coletivos: asilo, orfanato e similares; hotel, pensão e similares; alojamento de trabalhadores; penitenciária, presídio ou casa de detenção; e outros.
- Nessa categoria de ‘outros’, abrigava-se um grande grupo no qual não era possível distinguir esses tipos de domicílios”, explica Junger.
Após revisão da equipe multidisciplinar do IBGE, chegou-se à melhor fórmula para a pesquisa que está em campo, com 11 categorias.
A classificação neste Censo 2022 passou a ser assim: abrigo, albergue ou casa de passagem para população em situação de rua; clínica psiquiátrica, comunidade terapêutica e similar; orfanato e similar; penitenciária, casa de detenção e similar; quartel ou outra organização militar; abrigo, casa de passagem ou república assistencial para vulneráveis; asilo ou outra instituição de longa permanência para idosos; unidade de internação de menores; hotel ou pensão; alojamento; e outros.
A classificação neste Censo 2022 passou a ser assim: abrigo, albergue ou casa de passagem para população em situação de rua; clínica psiquiátrica, comunidade terapêutica e similar; orfanato e similar; penitenciária, casa de detenção e similar; quartel ou outra organização militar; abrigo, casa de passagem ou república assistencial para vulneráveis; asilo ou outra instituição de longa permanência para idosos; unidade de internação de menores; hotel ou pensão; alojamento; e outros.
- Com a distribuição dessa população de forma mais desagregada, é possível realizar estudos e pensar políticas de forma mais precisa, voltada para grupos específicos dentro desses domicílios”, completa Junger.
- Para se ter uma ideia da dimensão do trabalho, somente na categoria que inclui os presídios, o IBGE vai visitar cerca de 1.500 estabelecimentos penais em todo o país. Para cada tipo de domicílio, nós empregamos uma estratégia diferente”, explica José Francisco Teixeira Carvalho, superintendente estadual do IBGE no Rio.
- Para se ter uma ideia da dimensão do trabalho, somente na categoria que inclui os presídios, o IBGE vai visitar cerca de 1.500 estabelecimentos penais em todo o país. Para cada tipo de domicílio, nós empregamos uma estratégia diferente”, explica José Francisco Teixeira Carvalho, superintendente estadual do IBGE no Rio.
- No caso das penitenciárias, nós enviamos um ofício à Secretaria de Segurança e ela o encaminha aos diretores das unidades, para que nos deem acesso”, complementa. Durante a operação de recenseamento no local, não há necessidade de entrevistar individualmente cada detento, pois pode-se recorrer a registros administrativos de posse dos diretores de cada instituição.

Recenseadora Ana Cristina do Amaral levou menos de duas horas para concluir seu trabalho

Igreja começou a ser construída em 1633, no alto do Morro de São Bento

Equipe de reportagem do IBGE chegou cedo ao local e registrou momentos da missa matinal

Maior cargo na hierarquia beneditina, abade Dom Filipe da Silva celebra a missa das 7h15

Ambiente bucólico inspira à "oração e trabalho", o lema de São Bento

Um a um, os monges compareciam à salinha reservada para o recenseamento

Recenseadora Ana Cristina do Amaral levou menos de duas horas para concluir seu trabalho

Igreja começou a ser construída em 1633, no alto do Morro de São Bento
No Mosteiro de São Bento, o abade Dom Filipe da Silva – ocupante do cargo mais alto na ordem beneditina – preparou uma salinha no primeiro andar do prédio especialmente para o recenseamento de seus subordinados. Um por um, os monges se dirigiam ao local e eram entrevistados por Ana Cristina do Amaral. “Fui muito bem recebida aqui no mosteiro, todos ajudaram muito”, atesta a recenseadora, responsável por aquele setor no Centro da cidade.
Em menos de duas horas, o trabalho estava concluído. No total, residem ali 34 monges. Como quatro deles estavam na enfermaria, foi o próprio Dom Filipe quem passou as informações relativas aos que não puderam comparecer pessoalmente – procedimento normal em se tratando de domicílios coletivos.
- O Censo é superimportante pois revela a todos nós o rosto de uma nação: seu potencial, seus números, suas virtudes, suas necessidades”, afirma Dom Filipe, acrescentando que “todos devem cooperar, pois cada Censo vai revelando facetas de um país”.

Oração e trabalho, a rotina monástica - O Mosteiro de São Bento foi fundado em 1590, no alto do morro de mesmo nome. Foi a segunda ordem religiosa a estabelecer casa no Rio de Janeiro, sendo os beneditinos antecedidos apenas pelos jesuítas. A atual igreja começaria a ser construída em 1633 e o novo prédio do mosteiro, que substituiu o antigo, feito de taipa de mão, teve sua construção iniciada em 1652. Hoje, além do mosteiro e da igreja, o local também abriga um colégio e uma faculdade, todos ligados à ordem beneditina e dirigidos pelo abade Dom Filipe da Silva, de 60 anos.
Nascido no município alagoano de Rio Largo, o religioso ingressou no mosteiro em fevereiro de 1988 e, após um ano de postulantado e dois de noviciado, fez seus votos definitivos em 1993. Tornou-se abade em 2006. Graduado em filosofia e teologia, explica de memória a rotina monástica. “Acordamos todos os dias às 4h30 e iniciamos a vigília (de orações) às 5h. A missa conventual começa às 7h15. O almoço é servido a partir das 11h45 e as vésperas (como é chamada a missa da tarde) ocorrem às 18h. Às 20h, nos recolhemos às celas (aposentos)”. Eventualmente, em dias de solenidades, como Natal e Páscoa, os horários sofrem alterações. “Mas nossa vida é dedicada ao lema ‘Ora et Labora’, que em latim significa orar e trabalhar”, ressalta Dom Filipe.
Responder ao Censo, no entanto, não foi nem um pouco trabalhoso. O questionário básico foi preenchido em menos de cinco minutos. “O Censo oferece indicativos para as ações nos vários campos da vida: educação, saúde, saneamento básico. Isso dá base para o governo compreender suas ações e para o próprio povo se ver e ver o seu rosto... e olhando seu rosto, analisar o que pode melhorar, o que pode mudar, o que pode crescer”, conclui.

Recenseadora Ana Cristina do Amaral levou menos de duas horas para concluir seu trabalho

Igreja começou a ser construída em 1633, no alto do Morro de São Bento

Equipe de reportagem do IBGE chegou cedo ao local e registrou momentos da missa matinal

Maior cargo na hierarquia beneditina, abade Dom Filipe da Silva celebra a missa das 7h15

Ambiente bucólico inspira à "oração e trabalho", o lema de São Bento

Um a um, os monges compareciam à salinha reservada para o recenseamento

Recenseadora Ana Cristina do Amaral levou menos de duas horas para concluir seu trabalho

Igreja começou a ser construída em 1633, no alto do Morro de São Bento
No Mosteiro de São Bento, o abade Dom Filipe da Silva – ocupante do cargo mais alto na ordem beneditina – preparou uma salinha no primeiro andar do prédio especialmente para o recenseamento de seus subordinados. Um por um, os monges se dirigiam ao local e eram entrevistados por Ana Cristina do Amaral. “Fui muito bem recebida aqui no mosteiro, todos ajudaram muito”, atesta a recenseadora, responsável por aquele setor no Centro da cidade.
Em menos de duas horas, o trabalho estava concluído. No total, residem ali 34 monges. Como quatro deles estavam na enfermaria, foi o próprio Dom Filipe quem passou as informações relativas aos que não puderam comparecer pessoalmente – procedimento normal em se tratando de domicílios coletivos.
- O Censo é superimportante pois revela a todos nós o rosto de uma nação: seu potencial, seus números, suas virtudes, suas necessidades”, afirma Dom Filipe, acrescentando que “todos devem cooperar, pois cada Censo vai revelando facetas de um país”.

Oração e trabalho, a rotina monástica - O Mosteiro de São Bento foi fundado em 1590, no alto do morro de mesmo nome. Foi a segunda ordem religiosa a estabelecer casa no Rio de Janeiro, sendo os beneditinos antecedidos apenas pelos jesuítas. A atual igreja começaria a ser construída em 1633 e o novo prédio do mosteiro, que substituiu o antigo, feito de taipa de mão, teve sua construção iniciada em 1652. Hoje, além do mosteiro e da igreja, o local também abriga um colégio e uma faculdade, todos ligados à ordem beneditina e dirigidos pelo abade Dom Filipe da Silva, de 60 anos.
Nascido no município alagoano de Rio Largo, o religioso ingressou no mosteiro em fevereiro de 1988 e, após um ano de postulantado e dois de noviciado, fez seus votos definitivos em 1993. Tornou-se abade em 2006. Graduado em filosofia e teologia, explica de memória a rotina monástica. “Acordamos todos os dias às 4h30 e iniciamos a vigília (de orações) às 5h. A missa conventual começa às 7h15. O almoço é servido a partir das 11h45 e as vésperas (como é chamada a missa da tarde) ocorrem às 18h. Às 20h, nos recolhemos às celas (aposentos)”. Eventualmente, em dias de solenidades, como Natal e Páscoa, os horários sofrem alterações. “Mas nossa vida é dedicada ao lema ‘Ora et Labora’, que em latim significa orar e trabalhar”, ressalta Dom Filipe.
Responder ao Censo, no entanto, não foi nem um pouco trabalhoso. O questionário básico foi preenchido em menos de cinco minutos. “O Censo oferece indicativos para as ações nos vários campos da vida: educação, saúde, saneamento básico. Isso dá base para o governo compreender suas ações e para o próprio povo se ver e ver o seu rosto... e olhando seu rosto, analisar o que pode melhorar, o que pode mudar, o que pode crescer”, conclui.
Comentários
Postar um comentário