A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) vai trabalhar, em 2023, contra o estigma - ou preconceito - que cerca as pessoas com doenças mentais no Brasil. O presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva, que comanda o XXXIX Congresso Brasileiro de Psiquiatria, em Fortaleza, até sábado (8 de outubro), afirmou que as pessoas têm medo de dizer que sofrem de algum transtorno mental para fugir, muitas vezes, do preconceito. E esse preconceito leva à criação do auto-estigma e, também, do estigma estrutural, e pode acabar levando ao suicídio.
- É preciso acabar com a diferença, com os estigmas mentais”, assinalou.

Silva defendeu que haja políticas públicas de saúde mental e que remédios para doenças mentais, como antidepressivos, sejam vendidos na farmácia popular, facilitando o acesso de pessoas em situação de maior vulnerabilidade econômica. Ele lembrou que as doenças mentais constituem grande causa de afastamento do trabalho. Antes da pandemia da covid-19, citou que 5,8% da população brasileira tinham depressão. Agora, de acordo com a pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde, o número evoluiu para 11,3% de brasileiros com sintomas depressivos.


Silva defendeu que haja políticas públicas de saúde mental e que remédios para doenças mentais, como antidepressivos, sejam vendidos na farmácia popular, facilitando o acesso de pessoas em situação de maior vulnerabilidade econômica. Ele lembrou que as doenças mentais constituem grande causa de afastamento do trabalho. Antes da pandemia da covid-19, citou que 5,8% da população brasileira tinham depressão. Agora, de acordo com a pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde, o número evoluiu para 11,3% de brasileiros com sintomas depressivos.
Campanha - Antônio Geraldo da Silva informou que a Campanha Setembro Amarelo, da ABP, que visa a conscientização da sociedade contra o suicídio, será reforçada a partir do próximo ano. Em 1994, quando a campanha foi iniciada pela entidade, o Brasil registrava cerca de 9 mil suicídios por ano. Hoje, esse número subiu para 14 mil suicídios/ano registrados. Silva estimou, entretanto, que o número real de suicídios no país alcance em torno de 50 mil/ano, por meios diversos, como politraumatismos, envenenamentos e intoxicações.
O presidente da ABP alertou ainda que as taxas de suicídios estão aumentando entre crianças e adolescentes.
O presidente da ABP alertou ainda que as taxas de suicídios estão aumentando entre crianças e adolescentes.
- É gravíssimo isso!”, observou.
Na avaliação do presidente da ABP, a elevação das taxas de suicídio ocorre pela ausência de políticas públicas.
Violência e doença mental - Outra pauta de interesse da ABP para o próximo ano é a que trata de violência e doença mental, “porque 96% das pessoas que cometem violência não são doentes mentais”, afiançou. Segundo Silva, os doentes mentais não são violentos se forem tratados.
- A percepção de violência da ABP é com álcool e drogas, que remetem à violência urbana".
Covid - Além dos impactos sociais e econômicos, a pandemia da covid-19 trouxe repercussões na saúde mental da população como um todo e, de forma especial, na saúde mental da mulher. Em entrevista à Agência Brasil, a psiquiatra Ritele Hernandez da Silva, membro da Comissão de Saúde Mental da Mulher, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), informou que estudos serão feitos para dimensionar a extensão do impacto porque, na verdade, a Pandemia não acabou.

- Vamos ver ao longo do tempo, mas alguns estudos dizem que a covid pode ter correlação com sintomas depressivos e ansiosos”. A médica destacou que os sintomas da chamada covid longa, por outro lado, podem estar vinculados com outros sintomas existentes previamente.
Outro ponto importante que a Covid trouxe foi o aumento do estresse negativo para a mulher, proveniente do excesso do trabalho, com a tripla jornada, a questão da exigência não só do trabalho externo mas em casa, para cuidar das crianças. Na parte econômica, lembrou que algumas mulheres tiveram uma exposição maior, principalmente aquelas de nível socioeconômico mais baixo.


- Vamos ver ao longo do tempo, mas alguns estudos dizem que a covid pode ter correlação com sintomas depressivos e ansiosos”. A médica destacou que os sintomas da chamada covid longa, por outro lado, podem estar vinculados com outros sintomas existentes previamente.
Outro ponto importante que a Covid trouxe foi o aumento do estresse negativo para a mulher, proveniente do excesso do trabalho, com a tripla jornada, a questão da exigência não só do trabalho externo mas em casa, para cuidar das crianças. Na parte econômica, lembrou que algumas mulheres tiveram uma exposição maior, principalmente aquelas de nível socioeconômico mais baixo.
- Isso é bem importante. Tudo isso colaborou de forma negativa e o transtorno depressivo se utiliza dessas situações para aparecer”. De acordo com a especialista, popularmente pode-se dizer que “é um prato cheio” para desenvolver os transtornos depressivos.
Resiliência - Por outro lado, Ritele comentou que se esperava que o impacto fosse ainda maior, mas se impuseram a resiliência humana, a capacidade de a pessoa se reinventar, a capacidade neuronal. Há ainda outros fatores de proteção que podem auxiliar nesse processo. "O que vem por aí, entretanto, ainda é uma incógnita", disse.
- Precisamos de estudos e mantê-los nessa área, para que a gente possa compreender”. Ela ressaltou a importância dos estudos sobre a saúde mental da mulher, porque é uma população que merece atenção especial, "da mesma forma que os homens". Observou que a depressão é, pelo menos, duas vezes mais frequente nas mulheres do que nos homens.
Chama muito a atenção dos estudiosos a razão por que isso acontece.
- Precisamos de estudos e mantê-los nessa área, para que a gente possa compreender”. Ela ressaltou a importância dos estudos sobre a saúde mental da mulher, porque é uma população que merece atenção especial, "da mesma forma que os homens". Observou que a depressão é, pelo menos, duas vezes mais frequente nas mulheres do que nos homens.
Chama muito a atenção dos estudiosos a razão por que isso acontece.
- A Covid pode, de certa forma, ter contribuído nesse sentido, tanto com o processo inflamatório da doença, quanto com o estresse a que as mulheres foram submetidas. Os estudos vão nos dizer”.
Testes - Ritele da Silva concluiu o doutorado na Universidade do Extremo Sul Catarinense onde foi iniciada pesquisa presencial, ainda durante o primeiro ano da pandemia, em que foi aplicada uma série de escalas para diagnóstico e gradação de sintomas de estresse, ansiedade, depressão, algumas alterações cognitivas também.
O estudo abrangeu as cidades de Criciúma e Chapecó, com uma amostragem abrangente, e construiu um banco de dados extenso que está gerando frutos, direcionado agora para a covid longa.
O estudo abrangeu as cidades de Criciúma e Chapecó, com uma amostragem abrangente, e construiu um banco de dados extenso que está gerando frutos, direcionado agora para a covid longa.
- Com o tempo, vamos conseguir ter as respostas”.
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