Morre aos 90 anos o teatrólogo, ator e professor B. de Paiva.
Deugiolino Lucas - Sinto informar caríssimos amigos do FACE, Imprensa, Classe Teatral, Amigos da TV EDUCATIVA/ TVC, o falecimento do nosso querido e amado mestre de todos nós atores do Ceará e do Brasil, JOSE MARIA BEZERRA PAIVA, Conhecido por todos carinhosamente por B. DE PAIVA. Sua trajetória e seu legado ficará para a história do Brasil e do mundo. Pois, ele foi um mundo de conhecimento, de ética e estética. Fica aqui meus sentimentos a família, aos amigos e a todos que admiravam este grande homem. Aqui estou para saudar e louvar não só o hábil profissional, o homem plural, além de poeta, tinha uma dimensão de um vendaval, foi um guerreiro, desafiador e ousado muito a frente do nosso tempo. Foi um realizador de tantas produções no teatro no Ceará e no Brasil. Brilhante como ator, diretor, dramaturgo, enfim são tantas realizações, pois sua contribuição na história do teatro cearense é sem dúvida grandiosa e impagável. Hoje o teatro no Ceará e no Brasil está de luto. Viva B. de Paiva. Viva sua glória e sua luta. Viva seu ontem, hoje e sempre que lá no alto já brilha junto de outras estrelas....
B. de Paiva, B de pai,
pai irmanado, irmão patriarcal,
menino antigo, homem grávido.
fala como se fossem as suas falas
as últimas palavras de um orador
que vai perder a voz,
agoniado e agonizante.
B José, B Maria,
geógrafo das sesmarias do sonho,
agrimensor das fronteiras.
B tem na cabeça o cabeça.
B com o Outro tão consoante.
B, um Dom Quixote fragílimo
arquitetando Pasárgadas.
Do B imprima-se a invenção
e revoguem-se as disposições em contrário.
No Reitorado de Martins Filho assume a liderança do processo de instauração do Moderno Teatro do Ceará ao criar o Curso de Arte Dramática (1960) e o Teatro Universitário da Universidade Federal do Ceará (1965), núcleos determinantes para a formação de toda uma geração de atores, atrizes, cenógrafos, dramaturgos, figurinistas, aderecistas, arte-educadores e demais técnicos vinculados às artes cênicas. Em 1966 participa da criação da Secretaria de Cultura do Ceará (a primeira do país). De 1960 a 1967 protagoniza gestões do Theatro José de Alencar e consolida a produção dos grupos Comédia Cearense e Teatro Universitário, de 1960 a 1967.
No Rio de Janeiro/RJ produz inúmeros programas de dramaturgia na Rádio MEC (de 1954 a 1959), dirige o Teatro Duse (1954- 1956), o Conservatório Nacional de Teatro (1968-1969) e se faz professor titular e reitor da Federação das Escolas Isoladas do Rio de Janeiro (FEFIERJ, depois UNI-Rio/1974-1977). Edita não somente livros seus (Cartilha de Teatro com Hermilo Borba Filho/1969) mas também de outros escritores. Durante a década 1970 participa de movimentos que regulamentam no Brasil as profissões teatrais e o ensino universitário das artes. Sob sua liderança trabalham nomes de projeção nacional como Glauce Rocha, Rubens de Falco, Suzana Faini, Françoise Fourton, Amir Haddad, Bárbara Heliodora, Perfeito Fortuna, Roberto de Cleto e Paulo Coelho, dentre tantos outros.
A partir dos anos 1980, radicado no Distrito Federal, preside a Fundação Brasileira de Teatro/Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, leciona na Universidade de Brasília (UnB), coordena a Funarte, a Fundação Pró-Memória e, no início do século XXI, é nomeado Secretário-Adjunto da Cultura do Distrito Federal.
Com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará volta ao Ceará (1998), gerencia as atividades artísticas da Pró-Reitoria de Extensão da UFC, administra o Colégio de Direção Teatral do Instituto Dragão do Mar (1999) e atua como Presidente da Fundação Amigos do Theatro José de Alencar (2000-2001).
De sua Teatrografia constam bem mais de duas centenas de encenações realizadas em Fortaleza, Rio e Brasília, dentre as quais destacam-se:
- Lampião, de Raquel de Queirós (1954).
- O Preço da Paz, de Adolphina Bonapace (1955).
- Frankel , de Antônio Callado (1956).
- Zé do Pato, de Elza Pinho Osborne (1957).
- Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna (1960).
- Macbeth, de Shakespeare (1961).
- O Pagador de Promessas, de Dias Gomes (1962).
- O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues (1963).
- Eles Não Usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri (1963).
- Cancioneiro de Lampião, de Nertan Macedo (1963).
- Antígona, de Sófocles (1963).
- O Morro do Ouro , de Eduardo Campos (1963).
- Rosário,Rifle e Punhal ,de Nertan Macedo (1963).
- Rosa do Lagamar, de Eduardo Campos (1964).
- A Valsa Proibida, de Silvano Serra e Paurilo Barroso (1965).
- O Casamento da Peraldiana , de Carlos Câmara (1966).
- Bodas de Sangue, de Garcia Lorca (1967).
- Liberdade, Liberdade , de Millôr Fernandes e Flávio Rangel (1967).
- Um Uísque Para o Rei Saul, de César Vieira (1968).
- O Exercício, de Lewis John Carlino (1969).
- O Belo Indiferente, de Jean Cocteau (1969).
- Rashomon, de Akugatawa (1978).
- Cantochão Para Uma Esperança Demorada, de B. De Paiva (1980).
- O Conselheiro e Canudos, de Ricardo Guilherme (1987).
- Frei Tito: Vida, Paixão e Morte, de Ricardo Guilherme (1992).
Seu currículo contém atuações em filmes de Pedro Jorge de Castro, Wladimir Carvalho, Rosemberg Cariri, Glauber Filho, Sérgio Resende, Geraldo Moraes, Carlos Alberto Prattes, Ipojuca Pontes, Carlos del Pino, Liloe Boublie e Volney Oliveira. Na Rede Globo de Televisão integra o elenco de teledramaturgias como Os Irmãos Coragem, Plantão de Polícia, Lampião e Maria Bonita e Carga Pesada.
Professor Francisco Djacyr Souza - B DE PAIVA
O diretor que permanece
Vivo na memória
O Teatro se entristece
Mas sabe de Sua História
Vivo por sua glória
Atuação e Direção
Pelo Brasil girou
Rádio MEC em ação
Muita coisa nos legou
Teatro em Profusão
É a história que ficou
Rádio e Televisão
Aqui e acolá
Diretor, professor em ação
Faz a gente recordar
De sua bela profissão.
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