Papa Leão XIV: "O Senhor me chamou para carregar uma cruz e realizar uma missão".
Depois de eleito, Leão XIV celebra sua primeira missa com os cardeais. Em sua homilia, citou o Concílio Vaticano II, Santo Inácio de Antioquia e seu predecessor Francisco.
Após a eleição na tarde de quinta-feira (8/5/2025), o papa Leão XIV voltou esta manhã (9/5) à Capela Sistina para presidir à Santa Missa com todos os membros do Colégio Cardinalício.
No início de sua homilia, fez em inglês uma saudação aos cardeais, repetindo as palavras do Salmo responsorial: “Cantarei um cântico novo ao Senhor, porque ele fez maravilhas”.
- E, de fato, não apenas comigo, mas com todos nós. Meus irmãos cardeais, ao celebrarmos esta manhã, convido-os a refletir sobre as maravilhas que o Senhor fez, as bênçãos que o Senhor continua a derramar sobre todos nós por meio do Ministério de Pedro. O Senhor me chamou para carregar essa cruz e realizar essa missão, e sei que posso contar com cada um de vocês para caminhar comigo, continuamos como Igreja, como uma comunidade de amigos de Jesus, como fiéis para anunciar a Boa Nova, para anunciar o Evangelho."
Fiel administrador a favor de todo o Corpo místico da Igreja-Em seguida, começou a ler o texto previamente preparado, em que refletiu sobre a frase que Simão Pedro dirige a Jesus, contida no capítulo 16 do Evangelho de Mateus: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo'."
Essas palavras de Pedro, afirma o Papa recém-eleito, expressam em síntese o patrimônio que há dois mil anos a Igreja preserva, aprofunda e transmite através da sucessão apostólica. Ou seja, Jesus é o único Salvador e o revelador da face do Pai.
Citando a “Gaudium et spes” do Concílio Vaticano II, Leão XIV recorda que o Filho de Deus se revela a nós através dos olhos confiantes de uma criança, mostrando-nos assim um modelo de humanidade santa que todos podemos imitar.
Este tesouro agora “é confiado também a mim, para que eu seja um fiel administrador a favor de todo o Corpo místico da Igreja, de modo que esta seja sempre mais cidade colocada sobre o monte (cfr Ap 21,10), arca de salvação que navega através das ondas da história, farol que ilumina as noites do mundo. E isso não tanto pela grandiosidade de suas estruturas, mas pela santidade dos seus membros".
Chamados a testemunhar a alegria da fé-Retomando o episódio bíblico narrado em Mateus, Leão XIV reflete ainda sobre a resposta de Jesus a Pedro, quando diz “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?”.
Não se trata de uma questão banal, afirma o papa, pelo contrário, é de grande atualidade. Pois há duas possíveis interpretações. A primeira é a que identifica Jesus como uma pessoa sem importância alguma, ao máximo um personagem curioso, como fizeram os habitantes de Cesareia de Filipe. Outra possível resposta é a das pessoas comuns, que veem Jesus não como um charlatão, mas uma pessoa reta, com coragem e que diz coisas justas. Mas o consideram somente um homem e, por isso, no momento do perigo, durante a Paixão, O abandonam.
- Também hoje, não são poucos os contextos em que a fé cristã é considerada algo absurdo destinada a pessoas débeis e pouco inteligentes; contextos em que a ela preferem-se outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer”
Trata-se de ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho, e onde quem acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado, ou, quando muito, suportado e digno de pena.
No entanto, precisamente por isso, são lugares onde a missão se torna urgente, porque a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre, e não pouco.
-Ainda hoje, não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isto não apenas entre quem não crê, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático”.
Este, portanto, é o mundo, que nos está confiado e no qual, como tantas vezes nos ensinou o Papa Francisco, somos chamados a testemunhar a alegria da fé em Jesus Salvador.
Antes de concluir, citou a frase de Santo Inácio de Antioquia ao se encaminhar para o seu martírio: «Então serei verdadeiro discípulo de Jesus, quando o meu corpo for subtraído à vista do mundo» (Carta aos Romanos, IV, 1).
Essas palavras, afirmou, recordam um compromisso irrenunciável para quem, na Igreja, exerce um ministério de autoridade: desaparecer para que Cristo permaneça, fazer-se pequeno para que Ele seja conhecido e glorificado gastar-se até ao limite para que a ninguém falte a oportunidade de o conhecer e amar.
- Que Deus me dê esta graça, hoje e sempre, com a ajuda da terna intercessão de Maria, Mãe da Igreja”.
- Sábado (10/5), papa Leão XIV se encontrará com os cardeais.
- Domingo (11/5), do balcão central da Basílica, o Pontífice rezará a oração do Regina Caeli.
- Segunda-feira (12/5), o papa Leão XIV se encontrará com a imprensa mundial em coletiva.
- Sexta-feira (16/5) haverá o encontro com o Corpo Diplomático (Chefes de Missão).
- Domingo (18/5), às 10 horas (5 da madrugada em Brasília), na Praça São Pedro o Pontífice celebrará a missa de início de Pontificado.
- Terça-feira (20/5), tomará posse da Basílica Papal de São Paulo Fora dos Muros.
- Quarta-feira (21/5) fará a primeira Audiência Geral.
- Sábado (24/5), o papa Leão XIV se encontrará com a Cúria Romana e com os funcionários do Estado da Cidade do Vaticano.
- Domingo (25/5), rezará o Regina Caeli e tomará posse das basílicas papais de São João de Latrão e de Santa Maria Maior.
O anúncio foi feito num comunicado divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, nesta sexta-feira (9/5), que destaca que "o Santo Padre deseja, de fato, reservar algum tempo para reflexão, oração e diálogo, antes de qualquer nomeação ou confirmação definitiva".
Com informações da Vatican News.
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