A arte cearense perdeu na madrugada deste sábado (15 de julho de 20230, o arquiteto Francisco Luciano Marrocos Aragão.
Marrocos Aragão: Construída em 1973, a rodoviária de Fortaleza é um dos prédios mais icônicos da cidade e constitui um dos mais importantes patrimônios da arquitetura modernista do Ceará. O prédio vem sendo estudado e referenciado em diversos estudos arquitetônicos estando listado no Guia de Arquitetura Moderna de Fortaleza. Recentemente o edifício foi publicado no maior portal de arquitetura do Brasil como referência para as novas gerações de arquitetos.
“No final do ano de 1969, a convite do então prefeito Municipal de Fortaleza, Engenheiro José Walter Cavalcante, fui incumbido de idealizar e projetar o primeiro terminal rodoviário de Fortaleza, que na inauguração em 1974 recebeu o nome do notável engenheiro João Thomé. A minha primeira procedência frente ao tamanho do desafio foi viajar à cidade do Rio de Janeiro, onde se inaugurava o terminal “Novo Rio”, na época, paradigma da visão nova de terminais rodoviários.
De volta, aprofundei as pesquisas com os órgãos responsáveis pelas estatísticas dos transportes interestaduais e municipais. Muito pouco ou quase nada aferi dos levantamentos, deixando-me dúvidas quanto ao futuro crescimento das empresas transportadores, era difícil, portanto, realizar um projeto comprometido com as gerações autotransportados do futuro. Estes obstáculos de informações direcionaram a concepção do futuro terminal para a alternativa de uma arquitetura celular, cujos módulos seriam acrescidos indefinidamente aos já construídos, sem solução de continuidade estética, funcional ou mesmo do uso e serviços ao terminal.
Mas… qual seria a peça mágica estrutural?
A solução foi mágica e rápida. A inspiração reportou-se às reminiscências da infância. Nascido na singela cidade de Ipu, nos flancos areníticos da cordilheira, convivendo com a escala monumental das pedras e das águas caindo da serra Ibiapaba, estava criado o cenário perfeito que moldurou o espírito de criação do arquiteto. O vale fértil do riacho Ipuçaba, serpenteando sítios, cidades e povoados, deixa um imenso cordão verde e perene em suas ribeiras ricas de húmus e vida. Neste palco da natureza, nasce entre tantos outros, o majestoso sítio do Gagão, confinado entre a urbe e o grotesco talhado, desfrutado por visitantes quase diariamente ou nos alegres folguedos de fim de semanas. O Gagão deixou vivas as lembranças do imponente “salão das mangueiras”, espaço ensombrado e sem limites, enquanto, colunatas robustas sustentam o teto das copas redondas de folhagem verde escuro. Bem do alto o sol invade os espaços dos copas deixando, clareado o chão do “salão”, coberto de folhagens mortas e tênue relvado. Estava ai construído pela natureza o espaço que insinuava o novo terminal.
O processo de concepção do terminal rodoviário induzia a estilização do bosque extraído das recordações da infância. As arvores agora esculpidas no concreto, chama-se de paraboloide-hiperbólicos, que passam a cobriu cada um uma área de 287m²Os módulos localizados lado a lado projetam nas arestas livres da cúpula a luminosidade solar incidindo sobre o piso do salão. Localizado e construído em terreno fértil de mangueiras, o terminal está há 27 anos funcionando na avenida Borges de Melo.
Hoje, o terminal rodoviário Engenheiro João Thomé prima pela originalidade da concepção e função orgânica da arquitetura. Evoca as origens de tantos quantos que por lá passam e passam também lembranças de suas meninices, ora transportadas em ônibus para as viagens de reminiscências de tempos passados, talvez nas mesmas lembranças de sítios de canções iguais de paisagens verdes e felizes como o sonho da criança.”
BIOGRAFIA: Este preâmbulo, seguindo do “modus vivendi” do profissional, expressa a vida e a importância da obra realizada. Os valores que inspiram os trabalhos profissionais, tem razões circunstanciais eminentementes ligados ao espírito criativo inspirado na natureza que o cerca e a integra à concepção.
Depois de ter completado seus estudos em colégio de carisma franciscano, que deixou marcas em sua formação humanística, artística e inspiração pelo meio ambiente natural para desenvolver projetos originais.
O caminho impregnou um acentuado desejo pela formação de um futuro arquiteto, integrando a construção ao meio natural, para a qualidade de vida do homem recorrendo aos meios mais modernos.
Marrocos Aragão, depois de completar seus estudos na antiga Capital Federal do Brasil, assistido e acompanhado pelos mestres desse centro de cultura-humanística, trouxe para Fortaleza-CE seu primeiro estúdio de arquitetura e urbanismo.
Ao longo de 51 anos bem sucedidos na lavra de criar sonhos e construir serviços de arte, perfeitos e integrados ao ambiente urbano, com característica sempre orgânica ao meio, criou o novo estúdio Marrocos Aragão Arquitetura e Urbanismo, juntando-se aos filhos e neta com formação em engenharia e arquitetura, nos projetos, com outros bem interessados profissionais, continuam concebendo arquitetura fincada nos parâmetros naturalistas, onde o bem estar está presente entre as paisagens naturais ou criadas para abrigo do ser humano".
Referência na Arquitetura Contemporânea, Marrocos Aragão morreu de causas naturais, aos 90 anos.
Destaque de sua obra o cinquentenário Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé, em Fortaleza.
“No final do ano de 1969, a convite do então prefeito Municipal de Fortaleza, Engenheiro José Walter Cavalcante, fui incumbido de idealizar e projetar o primeiro terminal rodoviário de Fortaleza, que na inauguração em 1974 recebeu o nome do notável engenheiro João Thomé. A minha primeira procedência frente ao tamanho do desafio foi viajar à cidade do Rio de Janeiro, onde se inaugurava o terminal “Novo Rio”, na época, paradigma da visão nova de terminais rodoviários.
De volta, aprofundei as pesquisas com os órgãos responsáveis pelas estatísticas dos transportes interestaduais e municipais. Muito pouco ou quase nada aferi dos levantamentos, deixando-me dúvidas quanto ao futuro crescimento das empresas transportadores, era difícil, portanto, realizar um projeto comprometido com as gerações autotransportados do futuro. Estes obstáculos de informações direcionaram a concepção do futuro terminal para a alternativa de uma arquitetura celular, cujos módulos seriam acrescidos indefinidamente aos já construídos, sem solução de continuidade estética, funcional ou mesmo do uso e serviços ao terminal.
Mas… qual seria a peça mágica estrutural?
A solução foi mágica e rápida. A inspiração reportou-se às reminiscências da infância. Nascido na singela cidade de Ipu, nos flancos areníticos da cordilheira, convivendo com a escala monumental das pedras e das águas caindo da serra Ibiapaba, estava criado o cenário perfeito que moldurou o espírito de criação do arquiteto. O vale fértil do riacho Ipuçaba, serpenteando sítios, cidades e povoados, deixa um imenso cordão verde e perene em suas ribeiras ricas de húmus e vida. Neste palco da natureza, nasce entre tantos outros, o majestoso sítio do Gagão, confinado entre a urbe e o grotesco talhado, desfrutado por visitantes quase diariamente ou nos alegres folguedos de fim de semanas. O Gagão deixou vivas as lembranças do imponente “salão das mangueiras”, espaço ensombrado e sem limites, enquanto, colunatas robustas sustentam o teto das copas redondas de folhagem verde escuro. Bem do alto o sol invade os espaços dos copas deixando, clareado o chão do “salão”, coberto de folhagens mortas e tênue relvado. Estava ai construído pela natureza o espaço que insinuava o novo terminal.
O processo de concepção do terminal rodoviário induzia a estilização do bosque extraído das recordações da infância. As arvores agora esculpidas no concreto, chama-se de paraboloide-hiperbólicos, que passam a cobriu cada um uma área de 287m²Os módulos localizados lado a lado projetam nas arestas livres da cúpula a luminosidade solar incidindo sobre o piso do salão. Localizado e construído em terreno fértil de mangueiras, o terminal está há 27 anos funcionando na avenida Borges de Melo.
Hoje, o terminal rodoviário Engenheiro João Thomé prima pela originalidade da concepção e função orgânica da arquitetura. Evoca as origens de tantos quantos que por lá passam e passam também lembranças de suas meninices, ora transportadas em ônibus para as viagens de reminiscências de tempos passados, talvez nas mesmas lembranças de sítios de canções iguais de paisagens verdes e felizes como o sonho da criança.”
BIOGRAFIA: Este preâmbulo, seguindo do “modus vivendi” do profissional, expressa a vida e a importância da obra realizada. Os valores que inspiram os trabalhos profissionais, tem razões circunstanciais eminentementes ligados ao espírito criativo inspirado na natureza que o cerca e a integra à concepção.
Depois de ter completado seus estudos em colégio de carisma franciscano, que deixou marcas em sua formação humanística, artística e inspiração pelo meio ambiente natural para desenvolver projetos originais.
O caminho impregnou um acentuado desejo pela formação de um futuro arquiteto, integrando a construção ao meio natural, para a qualidade de vida do homem recorrendo aos meios mais modernos.
Marrocos Aragão, depois de completar seus estudos na antiga Capital Federal do Brasil, assistido e acompanhado pelos mestres desse centro de cultura-humanística, trouxe para Fortaleza-CE seu primeiro estúdio de arquitetura e urbanismo.
Ao longo de 51 anos bem sucedidos na lavra de criar sonhos e construir serviços de arte, perfeitos e integrados ao ambiente urbano, com característica sempre orgânica ao meio, criou o novo estúdio Marrocos Aragão Arquitetura e Urbanismo, juntando-se aos filhos e neta com formação em engenharia e arquitetura, nos projetos, com outros bem interessados profissionais, continuam concebendo arquitetura fincada nos parâmetros naturalistas, onde o bem estar está presente entre as paisagens naturais ou criadas para abrigo do ser humano".
- Romeu Duarte: Vá na paz, meu caro colega e amigo Francisco Luciano Marrocos Aragão, você que me fez querer ser arquiteto. Obrigado por tudo".
- José Maria Bonfim: Doutor Francisco Luciano Marrocos, filho do Ipu, casado com Sara Evangelista, um dos maiores arquitetos brasileiros. Aluno do afamado Professor Arquimedes Memória, Luciano é um arrojado urbanista. De suas obras em Fortaleza se destacam a Estação Rodoviária de Fortaleza e o Altar da Missa do Papa no Castelão em 1980. A bela cidade do Ipu fica desfalcada de um dos seus mais notáveis filhos. Requiescat In Pace!
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