Morreu na tarde desta quarta-feira (19) - Dia do Cinema Brasileiro, em São Paulo, aos 74 anos, o crítico de cinema Rubens Ewald Filho (foto).
Para o público brasileiro, uma das grandes atrações do Oscar, além do resultado em si, era conferir a inesgotável cultura cinematográfica de Rubens por meio de comentários não “apenas” enciclopédicos como marcados por tom pessoal inconfundível – conforme evocado no livro “O Oscar e eu” (2003).
'Dicionário de cineastas' - A projeção alcançada por Rubens se deve ao seu perfil comunicativo e ao trânsito por diversas mídias – jornais, rádios, emissoras de televisão. Vale lembrar que registrou seu extenso conhecimento em muitos livros, popularizados como sólidas fontes de consulta, a exemplo de “Os 100 melhores filmes do século 20”, “Os 100 maiores cineastas” e, principalmente, “Dicionário de cineastas”.
A versatilidade de Rubens fica comprovada na variedade de funções que exerceu ao longo do tempo. Na crítica, terreno em que obteve maior repercussão, escreveu sobre os lançamentos em salas de cinema e também em vídeo, DVD e TV. Levou seu patrimônio cinematográfico para a Globo, Cultura e o mundo da TV por assinatura (HBO, Telecine, TNT). Esteve à frente de alguns dos mais relevantes festivais de cinema do Brasil – como consultor do Projeto Paulínia Magia do Cinema / Polo de Cinema e curador dos festivais de Gramado e Paulínia.
Ator em 'Amor, estranho amor' - Parece bastante, mas ele fez bem mais. Acumulou experiência em outros setores. Dirigiu montagens teatrais – como “Hamlet-Gasshô”, apropriação da peça de William Shakespeare, “Querido mundo”, de Miguel Falabella, e “O amante de Lady Chatterley”, de D.H. Lawrence. Trabalhou, raramente, como ator – em “Amor, estranho amor” (1982), de Walter Hugo Khouri.
Escreveu roteiros de dois filmes: “A árvore dos sexos” (1977), em parceria com Carlos Alberto Soffredini, Eugênia de Domênico e Mauricio Rittner; e “Elas são do baralho” (1977), com Roberto Silveira e Adriano Stuart, dirigidos por Silvio de Abreu. Com ele, aliás, assinou a novela“Éramos seis”, adaptação do livro de Maria José Dupré, exibida no SBT.
Não parou por aí: colaborou, de maneira significativa, para a preservação da memória ao assumir a coordenação geral da Coleção Aplauso , composta por biografias de atores e diretores e publicações de roteiros.
Anotações de cada filme em cadernos - Nascido em Santos, em sete de março de 1945, Rubens não demorou a se interessar por cinema. Duas revistas o sensibilizaram particularmente: "Filmelândia" e "Cinelândia". Desde os 11 anos, anotou em cadernos cada filme que viu, escrevendo os títulos e as informações básicas. Transitou por áreas distintas — Administração e Direito —, enfrentando, em casa, a oposição a seu desejo de trabalhar com cinema, profissão, contudo, que terminou ajudando no sustento familiar.
Seja como for, o cinema se manteve em primeiro plano. Foi seduzido pelas produções a que assistiu na juventude, considerando as décadas de 1950 e 1960 como as mais promissoras. Recebeu influência de críticos como Moniz Vianna, Sérgio Augusto e, posteriormente, Rubem Biáfora.
Além do Oscar, também comentou o Globo de Ouro e o prêmio do Sindicato dos Atores dos Estados Unidos.
Não há como resumir os feitos de Rubens Ewald Filho em poucas linhas, mas, de certo modo, uma expressão é suficiente para sintetizar toda a sua trajetória: paixão pelo Cinema.
"Foi em outubro de 1987, quanto aceitei o convite do inesquecível Aramis Millarch para cobrir o I Mostra do Cinema Latino-Americano do Paraná, que conheci Rubens Ewald Filho. Já o conhecia pela leitura de textos e sua presença na Televisão.
Com informações de O Globo.
Conhecido por comentar a cerimônia de premiação do Oscar, o crítico estava internado no Hospital Samaritano desde maio passado, quando sofreu um desmaio e caiu na escada rolante de um shopping, em São Paulo.
Conta o jornal 'O Globo' que Rubena Ewald Filho era 'dono de uma memória prodigiosa e que impressionou milhões de telespectadores, ano após ano, durante a transmissão da cerimônia do Oscar , quando enfileirava os nomes de uma infinidade de artistas ligados ao cinema, bem como seus vastos currículos".
Para o público brasileiro, uma das grandes atrações do Oscar, além do resultado em si, era conferir a inesgotável cultura cinematográfica de Rubens por meio de comentários não “apenas” enciclopédicos como marcados por tom pessoal inconfundível – conforme evocado no livro “O Oscar e eu” (2003).
'Dicionário de cineastas' - A projeção alcançada por Rubens se deve ao seu perfil comunicativo e ao trânsito por diversas mídias – jornais, rádios, emissoras de televisão. Vale lembrar que registrou seu extenso conhecimento em muitos livros, popularizados como sólidas fontes de consulta, a exemplo de “Os 100 melhores filmes do século 20”, “Os 100 maiores cineastas” e, principalmente, “Dicionário de cineastas”.
A versatilidade de Rubens fica comprovada na variedade de funções que exerceu ao longo do tempo. Na crítica, terreno em que obteve maior repercussão, escreveu sobre os lançamentos em salas de cinema e também em vídeo, DVD e TV. Levou seu patrimônio cinematográfico para a Globo, Cultura e o mundo da TV por assinatura (HBO, Telecine, TNT). Esteve à frente de alguns dos mais relevantes festivais de cinema do Brasil – como consultor do Projeto Paulínia Magia do Cinema / Polo de Cinema e curador dos festivais de Gramado e Paulínia.
Ator em 'Amor, estranho amor' - Parece bastante, mas ele fez bem mais. Acumulou experiência em outros setores. Dirigiu montagens teatrais – como “Hamlet-Gasshô”, apropriação da peça de William Shakespeare, “Querido mundo”, de Miguel Falabella, e “O amante de Lady Chatterley”, de D.H. Lawrence. Trabalhou, raramente, como ator – em “Amor, estranho amor” (1982), de Walter Hugo Khouri.
Escreveu roteiros de dois filmes: “A árvore dos sexos” (1977), em parceria com Carlos Alberto Soffredini, Eugênia de Domênico e Mauricio Rittner; e “Elas são do baralho” (1977), com Roberto Silveira e Adriano Stuart, dirigidos por Silvio de Abreu. Com ele, aliás, assinou a novela“Éramos seis”, adaptação do livro de Maria José Dupré, exibida no SBT.
Não parou por aí: colaborou, de maneira significativa, para a preservação da memória ao assumir a coordenação geral da Coleção Aplauso , composta por biografias de atores e diretores e publicações de roteiros.
Anotações de cada filme em cadernos - Nascido em Santos, em sete de março de 1945, Rubens não demorou a se interessar por cinema. Duas revistas o sensibilizaram particularmente: "Filmelândia" e "Cinelândia". Desde os 11 anos, anotou em cadernos cada filme que viu, escrevendo os títulos e as informações básicas. Transitou por áreas distintas — Administração e Direito —, enfrentando, em casa, a oposição a seu desejo de trabalhar com cinema, profissão, contudo, que terminou ajudando no sustento familiar.
Seja como for, o cinema se manteve em primeiro plano. Foi seduzido pelas produções a que assistiu na juventude, considerando as décadas de 1950 e 1960 como as mais promissoras. Recebeu influência de críticos como Moniz Vianna, Sérgio Augusto e, posteriormente, Rubem Biáfora.
Além do Oscar, também comentou o Globo de Ouro e o prêmio do Sindicato dos Atores dos Estados Unidos.
Não há como resumir os feitos de Rubens Ewald Filho em poucas linhas, mas, de certo modo, uma expressão é suficiente para sintetizar toda a sua trajetória: paixão pelo Cinema.
"Foi em outubro de 1987, quanto aceitei o convite do inesquecível Aramis Millarch para cobrir o I Mostra do Cinema Latino-Americano do Paraná, que conheci Rubens Ewald Filho. Já o conhecia pela leitura de textos e sua presença na Televisão.
Ficamos amigos em virtude da nossa afinidade no trato e visão do Cinema, ao ponto de, quando eu ia a Santos (estava em processo de conquista da Soraya, hoje a minha dona), o encontrava e descíamos em seu carro para Santos, onde ambos moravam. Neste mundo, nada é coincidência...
Rubens foi um dos meus professores de cinema, além daqueles da Cinemateca do MAM. Com ele aprendi a ver o Cinema como um processo histórico e que o exercício da crítica exige referências. Dono de uma memória privilegiada que o fazia referenciar detalhes dos mais 70 mil filmes que assistiu, Rubens era um crítico fascinante, de um contagiante amor pelo Cinema.
Conversávamos sempre por telefone e na última vez que veio a Fortaleza, para um evento, me contou da fase difícil pela qual acabara de passar, e na retomada de sua liberdade. A partida de Rubens me deixa triste neste momento, mas entendo, como espírita, que ele cumpriu a sua missão terrena e está retornando ao seu/nosso verdadeiro lar para um novo aprendizado. Em breve estará de volta e com velhos e novos amigos. Isso nos conforta. Para o amigo que parte, nosso agradecimento e as nossas preces. Viaje na luz e chegue em paz", escreveu Pedro Martins Filho.
Com informações de O Globo.
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