A sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos (EUA) a produtos brasileiros exportados para o país, em vigor desde esta quarta-feira (6/8/2025), tem movimentando o setor produtivo cearense na busca por soluções, sobretudo junto aos governos estadual e federal, a fim de mitigar os impactos da medida. Com efeitos diretos sobre cadeias como pescados, frutas, cera de carnaúba, castanha de caju, mel e água de coco — produtos relevantes na pauta exportadora do Ceará —, o cenário motivou uma coletiva de imprensa conjunta entre a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), realizada na Casa da Indústria.
Comandada por Ricardo Cavalcante e Amílcar Silveira, presidentes da FIEC e da FAEC, respectivamente, a entrevista apresentou dados, impactos e articulações em andamento com os governos estadual e federal para tentar minimizar as perdas geradas por um tarifário considerado abusivo e prejudicial ao desenvolvimento regional.
De janeiro a junho deste ano, o Ceará exportou cerca de US$ 1,07 bilhão em produtos. Desse total, US$ 544 milhões tiveram os EUA como destino, sendo 76% oriundos do setor siderúrgico. Os demais 24%, ou aproximadamente US$ 130 milhões, englobam os produtos agora diretamente afetados pela nova tarifa, com destaque para alimentos e bens com forte encadeamento produtivo local.
- Estamos falando de cadeias longas e intensivas de mão de obra. Só o setor de pescados envolve cerca de 70 mil pessoas no Ceará, entre embarcações, pescadores e pessoal em terra. A castanha de caju emprega mais de 50 mil pessoas. A cera de carnaúba movimenta 170 mil. É uma engrenagem que pode parar”, alertou Ricardo Cavalcante.
Questionado sobre o volume de postos de trabalho que podem ser impactados, o presidente da FIEC citou uma projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que aponta para uma perda de 110 mil empregos, neste momento, no Brasil. No caso do Ceará, ele estima que esse número possa chegar, por enquanto, a oito mil. “Precisamos pensar em soluções de longo prazo para enfrentar isso, mas nossas ações precisam ser de curto prazo".
Governo do Estado reage e setor pressiona por medidas federais
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Durante a coletiva, os presidentes elogiaram a rapidez do Governo do Estado e da Assembleia Legislativa ao aprovar, nesta quarta-feira, um pacote emergencial com incentivos fiscais e suporte financeiro.
- É uma resposta importante, fruto da mobilização conjunta da FIEC e da FAEC. Mas a gente precisa de mais, assim como também precisamos urgentemente de ações federais. Esperamos que o Governo Federal aja com a mesma velocidade com que agiu o Governo do Ceará”, pontuou Cavalcante.
Entre os pleitos encaminhados ao Governo Federal estão a retomada do Reintegra (programa que devolve parte dos impostos pagos na exportação), a flexibilização das operações de crédito, como as Antecipações de Crédito de Câmbio (ACCs), e a agilidade na liberação de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
De acordo com Silveira, a expectativa é de que as negociações entre os governos do Brasil e dos EUA continuem. “As negociações não podem parar. É preciso trabalhar para que mais produtos fiquem de fora dessa sobretaxa dos EUA. Portanto, precisamos de tranquilidade e habilidade na condução dessas tratativas”, avaliou.
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Entre os pleitos encaminhados ao Governo Federal estão a retomada do Reintegra (programa que devolve parte dos impostos pagos na exportação), a flexibilização das operações de crédito, como as Antecipações de Crédito de Câmbio (ACCs), e a agilidade na liberação de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
De acordo com Silveira, a expectativa é de que as negociações entre os governos do Brasil e dos EUA continuem. “As negociações não podem parar. É preciso trabalhar para que mais produtos fiquem de fora dessa sobretaxa dos EUA. Portanto, precisamos de tranquilidade e habilidade na condução dessas tratativas”, avaliou.
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Impacto imediato e preocupação com o futuro-Enquanto isso, já é possível mensurar os primeiros efeitos da medida. Pelo menos 20 contêineres de castanha e um volume significativo de pescado deixaram de ser embarcados após a entrada em vigor da nova tarifa, segundo a FIEC.
- Inviabiliza totalmente. Nenhuma empresa consegue manter operação com 50% de sobretaxa. Estamos diante de uma espécie de ‘pré-pandemia’ para o setor produtivo”, afirmou Ricardo Cavalcante.
O presidente da FAEC, Amílcar Silveira, complementou dizendo que as exportações do agronegócio cearense cresceram 25% em 2025, mas agora a previsão de alcançar US$ 1 bilhão até 2030 está comprometida.
O presidente da FAEC, Amílcar Silveira, complementou dizendo que as exportações do agronegócio cearense cresceram 25% em 2025, mas agora a previsão de alcançar US$ 1 bilhão até 2030 está comprometida.
- Precisamos pensar de forma integrada. Indústria e agricultura precisam caminhar juntos para diversificar e fortalecer nossas exportações”, disse.
- O mais urgente é preservar os empregos. Está em jogo o sustento de milhares de famílias cearenses".
Soluções em construção e papel do Observatório da Indústria-A FIEC vem utilizando o Observatório da Indústria Ceará, centro de inteligência da Federação, para identificar mercados alternativos e orientar os setores afetados. No entanto, as exigências sanitárias e os trâmites de habilitação dificultam a mudança de destino no curto prazo. Tanto Cavalcante quanto Silveira ressaltaram a complexidade do processo.
Soluções em construção e papel do Observatório da Indústria-A FIEC vem utilizando o Observatório da Indústria Ceará, centro de inteligência da Federação, para identificar mercados alternativos e orientar os setores afetados. No entanto, as exigências sanitárias e os trâmites de habilitação dificultam a mudança de destino no curto prazo. Tanto Cavalcante quanto Silveira ressaltaram a complexidade do processo.
- Isso não se faz da noite para o dia. É preciso tempo para adequar o que deixaremos de exportar aos EUA a outros países, cada um com exigências e medidas sanitárias distintas, sobretudo quando se trata de produtos alimentícios. Estamos estudando uma eventual substituição”, afirmaram.
- A prioridade agora é proteger as cadeias. Se elas se rompem, não conseguimos retomar facilmente. Precisamos atravessar esse período de 90 a 120 dias sem desmontar o que levamos décadas para estruturar”, reforçou Cavalcante.
De acordo com eles, uma das propostas em discussão com o Governo do Estado é a inclusão de produtos como peixes, castanha, sucos e água de coco na merenda escolar e na alimentação hospitalar. A ideia é redirecionar parte da produção que não pode mais ser exportada para o mercado interno.
Unidade e mobilização-Tanto a FIEC quanto a FAEC reforçaram que a prioridade é a defesa da produção local e dos empregos. As duas entidades atuam em conjunto desde o início da crise e estão articulando ações com empresários, poder público e o setor financeiro para evitar demissões.
- Não se trata de defender apenas a Indústria ou o Agronegócio. É a economia do Ceará que está sob risco. É a renda de milhares de trabalhadores que pode desaparecer. Estamos fazendo nossa parte, mas precisamos de respostas rápidas e eficazes”, finalizou Silveira.
Segundo os presidentes das duas Federações, neste momento, se o consumidor cearense priorizar nas suas compras os produtos locais, isso também será uma forma concreta de ajudar a absorver parte do que está deixando de ser exportado para os EUA.
- A prioridade agora é proteger as cadeias. Se elas se rompem, não conseguimos retomar facilmente. Precisamos atravessar esse período de 90 a 120 dias sem desmontar o que levamos décadas para estruturar”, reforçou Cavalcante.
De acordo com eles, uma das propostas em discussão com o Governo do Estado é a inclusão de produtos como peixes, castanha, sucos e água de coco na merenda escolar e na alimentação hospitalar. A ideia é redirecionar parte da produção que não pode mais ser exportada para o mercado interno.
Unidade e mobilização-Tanto a FIEC quanto a FAEC reforçaram que a prioridade é a defesa da produção local e dos empregos. As duas entidades atuam em conjunto desde o início da crise e estão articulando ações com empresários, poder público e o setor financeiro para evitar demissões.
- Não se trata de defender apenas a Indústria ou o Agronegócio. É a economia do Ceará que está sob risco. É a renda de milhares de trabalhadores que pode desaparecer. Estamos fazendo nossa parte, mas precisamos de respostas rápidas e eficazes”, finalizou Silveira.
Segundo os presidentes das duas Federações, neste momento, se o consumidor cearense priorizar nas suas compras os produtos locais, isso também será uma forma concreta de ajudar a absorver parte do que está deixando de ser exportado para os EUA.
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