Culinária e Olimpíadas: A Jornada de Júlia Child e Rosa Guerra.
Cenário da atual competição olímpica, a França é inspiração para a chef americana e para o restaurante francês LarriBistrô.
Quando Júlia Child chegou na França no final dos anos 1940, onde permaneceu até os anos 1950, ela foi imediatamente impactada pelo país. Foi um momento transformador que despertou a paixão da americana pela culinária francesa.
Inspirados que estamos pelas Olimpíadas, por ora sediadas na França, bem poderíamos dizer que a partir dali Julia viveria sua própria olimpíada, dado os diversos desafios enfrentados desde que pisou na capital francesa. Na vida em Paris, Child desperta o espírito de dedicação para a culinária local na busca pela excelência e superação dos limites, assim como é o espírito olímpico para os atletas.
Em seu livro “Minha vida na França”, que inspirou e continua inspirando milhares de pessoas, a chef escreveu:
- Conto aqueles primeiros anos na França entre os melhores da minha vida. Marcaram um período crucial de transformação no qual encontrei minha verdadeira vocação, agucei meus sentidos e me diverti tanto que mal parava para recuperar o fôlego”, declara.
É clássica a cena da primeira iguaria experimentada pela estrangeira logo nos primeiros momentos que chega à França. Ela saboreou um prato simples: a receita de linguado passado na farinha e frito na manteiga, servido na manteiga reduzida, limão e salsa. Este é o primeiro prato que Julia Child experimenta em Paris, o que a deixa maravilhada e marca o início de sua paixão pela culinária francesa.
A cozinha, certamente, foi um dos principais desafios de Child, até então alguém em busca de objetivos, que se inscreveu no centro de culinária mais famoso e conceituado do mundo, o Le Cordon Bleu.
Para a chef Rosa Guerra, do charmoso restaurante francês Larri Bistrô, localizado na Aliança Francesa, o desafio de Child é o mesmo enfrentado por ela e por milhares de chefs que vivem sua própria olimpíada diária. E, sim, dá para comparar os desafios na cozinha como uma espécie de olimpíada, guardadas as devidas proporções.
- Na culinária não é diferente, pois, para você criar um prato, é porque houve dedicação, persistência, experimentações. Para uma Olimpíada, um atleta tem que ter passado por bastante dedicação. É a mesma coisa para você criar um prato: você tem que ter bastante dedicação até chegar naquele ponto que acha o ideal, então tem, sim, uma relação”, explica Rosa Guerra.
E os desafios e a dedicação foram a mola propulsora para Júlia na école française, onde estudou culinária. O aprendizado da gastronomia na terra da cultura moldou Child, que incluiu em seu lema a perseverança e dedicação, qualidades que estimularam a chef a escrever seu famoso livro de receitas, Mastering the Art of French Cooking (Dominando a Arte da Cozinha Francesa), tendo a França como grande inspiração.
- Na Cordon Bleu e nos mercados e restaurantes de Paris, de repente, descobri que a culinária era um assunto complexo, multifacetado e fascinante. A melhor forma de descrever a coisa é dizer que me apaixonei pela comida francesa, pelos sabores, pelos processos, pela história, pelas infindáveis variações, a rigorosa disciplina, a criatividade, as pessoas maravilhosas, o equipamento, os rituais”, conta Child em seu livro.
Do seu cadinho francês, o Larri Bistrô, a guerreira Rosa reforça que a dedicação é a alma dos que pretendem tornar qualquer negócio um sucesso. Assim como é a dedicação dos atletas em busca dos seus objetivos na França. Na mesma França onde as disputas e perseverança serviram de estímulo para Child. Por aqui, Rosa enfatiza a luta e dedicação e os louros como premiação.
- Para ela [Julia Child] conseguir isso também passou por muita dedicação, porque existe, sim, muita dedicação, pesquisa, inclusive”. E conta para onde a dedicação a levou. “Para fazer uma boa comida francesa, é preciso passar por muita experiência, dedicação, experimentação. Posso te dizer que eu funciono dentro da Aliança Francesa, e muito francês que frequenta o restaurante fala muito bem dos pratos. É bem gratificante isso, mas para chegar a esse nível você realmente tem que ter dedicação e experimentação”, afirma Rosa.
A Paris que moldou Julia Child como chef, e por ora abriga as Olimpíadas, continua a ser um centro de inovação culinária. As ruas de Paris, impregnadas de história e sabores, oferecem uma mistura única do velho e do novo, onde técnicas clássicas se encontram com as técnicas contemporâneas, criando uma gastronomia dinâmica e sempre em evolução.
O fato é que, de alguma forma, juntas, Child e Rosa, cada uma a seu tempo, lembram ao mundo que a cozinha não é apenas sobre comida, mas sobre paixão, cultura e a arte de viver bem. Para Rosa,especialmente, “ser chef de cozinha é muito mais que saber todas as técnicas da gastronomia, é ter sensibilidade e paixão em transformar amor em forma de alimento”, afirma.
Para homenagear a França, as Olimpíadas e as chefs Júlia Child e Rosa Guerra, a chef do restaurante francês Larri Bistrô vai nos oferecer uma clássica receita francesa que apareceu no filme "Julie & Julia". O Canard à l'Orange, um pato assado servido com um molho de laranja agridoce, uma receita sofisticada que a chefe levou para o público americano.
Ingredientes-Para o pato:
- 1 pato inteiro (aproximadamente 2-2,5 kg)
- Sal e pimenta a gosto
- 2 colheres de sopa de manteiga
- 1 cenoura picada
- 1 cebola picada
- 2 talos de aipo picados
- 1 folha de louro
- 1 raminho de tomilho
- 1/2 xícara de vinho branco seco
Para o molho de laranja:
- Suco de 3 laranjas
- Raspas de 1 laranja
- 1/4 xícara de vinagre de vinho branco
- 1/4 xícara de açúcar
- 2 xícaras de caldo de galinha
- 1/4 xícara de Grand Marnier ou licor de laranja (opcional)
- 2 colheres de sopa de manteiga (para finalizar o molho)
- Sal e pimenta a gosto
Modo de Preparo
Preparando o pato:
- Pré-aqueça o forno: A 190°C.
- Tempere o pato: Lave e seque o pato. Tempere generosamente com sal e pimenta, tanto por dentro quanto por fora.
- Doure o pato: Em uma panela grande, derreta a manteiga e doure o pato em todos os lados para selar os sucos.
- Assar o pato: Transfira o pato dourado para uma assadeira. Adicione a cenoura, a cebola, o aipo, a folha de louro e o tomilho na assadeira. Despeje o vinho branco sobre o pato. Asse por cerca de 1 hora e 30 minutos, regando ocasionalmente com os sucos da assadeira. O pato estará pronto quando a pele estiver crocante e a carne cozida.
- Descansar o pato: Retire o pato do forno e deixe descansar por 10-15 minutos antes de fatiar.
Preparando o molho de laranja
- Suco de laranja: Enquanto o pato assa, faça o suco das laranjas e reserve as raspas.
- Caramelizar o açúcar: Em uma panela média, aqueça o vinagre e o açúcar em fogo médio até que o açúcar derreta e comece a caramelizar, adquirindo uma cor âmbar.
- Adicionar suco e caldo: Lentamente, adicione o suco de laranja e as raspas, mexendo constantemente. Adicione o caldo de galinha e o Grand Marnier (se estiver usando). Deixe ferver e depois reduza o fogo, deixando cozinhar até o molho reduzir pela metade e ficar mais espesso.
- Finalizar o molho: Retire o molho do fogo e adicione a manteiga, mexendo até que esteja completamente incorporada. Tempere com sal e pimenta a gosto.
Servindo:
- Fatiar o pato: Corte o pato em pedaços e disponha em uma travessa.
- Adicionar o molho: Despeje o molho de laranja sobre o pato fatiado.
- Decorar: Se desejar, decore com fatias de laranja e ervas frescas.
- Sirva o Canard à l'Orange acompanhado de vegetais assados ou purê de batatas para um jantar elegante e saboroso. Bon appétit!
Com informações de Isabel Oliveira.
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