Isabel Oliveira: As barracas da tradicional e esperada Feira da Fraternidade, da Paróquia Nossa Senhora da Vitória, são uma grande vitrine da gastronomia local e internacional. Cada uma delas é uma verdadeira viagem culinária que conta a história dos alimentos transmitida de geração em geração. Este é o caso da paella ou "para ella". Para ella? Leia e você vai entender esta deliciosa História & Sabores desta semana. E saiba quando e onde será a Feira destas delícias! @feiradafraternidade @pilartclaro @peucohen.
Sejam elas gastronômicas ou livres, as feiras são sempre um espaço de abundância e, garantidamente, um verdadeiro festival de cores, aromas e sabores. E quem quer um ‘tiquinho’ de algo mais, basta se aventurar entre as barracas da esperada Feira da Fraternidade, da Paróquia Nossa Senhora da Vitória.
“Temos inúmeras barracas de alimentação: temos a barraca gaúcha, cujo carro-chefe são os espetinhos; a barraca alemã, cujo carro-chefe é o salsichão alemão; temos a barraca mexicana com os tacos e burritos; a francesa com os pratos tradicionais, como o crepe e o filé à poivre; e a barraca espanhola, com a famosa paella”, relata Pedro Cohen, um dos organizadores do evento.
Espaço de trocas culturais e ponto de encontros garantidos, a Feira da Fraternidade tem é coisa! Inclusive, é uma grande vitrine da gastronomia local e internacional, com suas barracas tradicionais, cada uma delas uma verdadeira viagem culinária, além da história dos alimentos transmitida de geração em geração.
Este é o caso da famosa paella na barraca espanhola, cuja organizadora, Pilar Tobio de Claro, descendente de espanhóis que adora falar sobre o sentimento de partilha, bem no espírito da Feira, além de contar a origem de uma das iguarias mais tradicionais da comida da Espanha.
“Eles [os camponeses] se juntavam, preparavam a comida e partilhavam entre si. Repartiam aquela comida e compartilhavam o momento da refeição, quando todos se reuniam. Se você parar para pensar, o ato de partilhar é, para mim, uma experiência social de fraternidade. Ninguém comia mais que ninguém, nem alguém ficava sem comer.”
A deliciosa paella nasceu na cidade de Valência, localizada a oeste da Espanha, e por trás do seu preparo há um ritual saboroso, como relata Pilar.
“Quem começou a preparar esse tipo de prato foram os camponeses [nos campos de trabalho]. . Eles levavam a panela, arroz, azeite de oliva – que chamamos de azeite doce – e sal. Lá, buscavam o que comer. Geralmente, era caça, lebres, patos, ou o que encontrassem para colocar [na panela]. Esse foi o surgimento da paella, historicamente. Ela era feita em cima de um fogo à lenha, geralmente com madeira de árvores frutíferas, que já perfumava a comida, como laranjais e macieiras”, detalha.
Assim como muitos alimentos se adaptam e se transformam em um incrível dinamismo cultural, à paella foram acrescentados novos elementos ao longo do tempo.
“Com o tempo, foram colocando outros ingredientes e acrescentando novos sabores. Não ficou apenas no pato e na lebre; começaram a colocar carne de porco, chouriço e açafrão. Assim, a paella mudou de cor, deixando a tonalidade do arroz para adquirir um colorido. A paella foi se aperfeiçoando em sabores e criando novas formas. As mais tradicionais são as valencianas, feitas com vários tipos de carnes e caça. Temos a marinheira, feita só com frutos do mar, e a mista, que é justamente a que fazemos na Feira.”
Com tradição espanhola, a paella brilha na Feira da Fraternidade Com tradição espanhola, a paella brilha na Feira da Fraternidade.
Em sua descrição detalhada, digna de uma verdadeira chef de cozinha que imprime sabor até nas palavras, Pilar descreve os ingredientes dessa delícia que é oferecida na Feira da Fraternidade.
“Ela leva frutos do mar e carnes, compondo uma mistura de sabores. Ao mesmo tempo que você está degustando o arroz com camarão, experimenta também um pedaço de caça, ou carne de porco, depois lula, polvo ou mexilhão. É um buquê de sabores dentro da paella.”
Pilar também compartilha uma curiosidade sobre a origem do nome paella.
“O que ouvi por muito tempo na casa dos meus pais é que, folcloricamente, dizem que os camponeses passavam a semana toda no campo e, quando voltavam no fim de semana para casa, cozinhavam para suas mulheres a comida que haviam preparado no campo, com a caça que conseguiram. Eles cozinhavam ‘para elas’, ‘para ellas’ . E esse ‘para ellas’ teria dado origem ao nome paella. Muita gente da colônia espanhola diz que foi assim que surgiu o nome.”
Cozinhar ‘para ella’, um ato de doação e solidariedade, resume o que a Feira representa. Tanto que atrai, todos os anos, cerca de mil voluntários que se transformam em chefs de cozinha, garçons, vendedores e em diversas outras profissões do coração.
“Um grande diferencial é que os voluntários não são necessariamente especialistas em gastronomia. Muitos deixam suas profissões durante os quatro dias da feira para exercer atividades completamente diferentes. Por exemplo, uma desembargadora deixa sua função profissional e vai para a cozinha de uma barraca ser voluntária. Um advogado abandona temporariamente sua profissão para atender mesas como garçom na Feira da Fraternidade”, revela Cohen.
Este ano, a 43ª edição da Feira da Fraternidade da Paróquia Nossa Senhora da Vitória em Salvador será realizada entre os dias 7 e 10 de novembro de 2024, na Praça do Campo Grande.
Vamos aproveitar e finalizar esta coluna com uma das comidas mais gostosas da Espanha que o brasileiro aprendeu a amar: paella ou "para ella"!
- 1 kg de arroz
- 2 cebolas cortadas em pequenos pedaços
- 1 pimentão verde, picado
- 1 pimentão vermelho, picado
- 1/2 xícara de azeite de oliva
- 250 g de cada marisco (variedade a gosto)
- 250 g de calabresa cortada
- 250 g de carne de porco em cubos
- 250 g de peito de frango, cordeiro ou coelho, em cubos
- Páprica doce
- Caldo de frango ou de marisco
Modo de fazer:
- Em uma panela própria para paella, aqueça o azeite de oliva.
- Em seguida, refogue a cebola e os pimentões, adicionando a páprica.
- Depois, refogue a calabresa e as carnes, seguido dos mariscos e, por último, o arroz.
- Cozinhe o arroz e os demais ingredientes com o caldo escolhido em quantidade suficiente para cobrir todos os ingredientes.
- Antes de servir, decore a paella com tiras de pimentão, camarões e mexilhões com casca.
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